Lembram quando escrevi um texto sobre Fernando Pessoa, antes mesmo de terminar a leitura do livro? (Fernando Pessoa uma quase autobiografia, escrito por José Paulo Cavalcanti Filho). Pedi então desculpas pelo meu atrevimento, mas continuo lendo o mesmo livro, vagarosamente e aproveitando cada detalhe e informação sobre o poeta e seus heterônimos.
Desavergonhadamente, de novo, venho escrever singelas linhas sobre Alberto Caeiro, um dos seus 127 heterônimos, ainda sem terminar a leitura do livro. E sem fazer a promessa de não cometer esse pecado (de escrever algo antes de terminar a leitura), quero continuar fazendo essa transgressão toda vez que for tocado na alma pelas palavras de Pessoa e de seus “outros”.
CANTO X
(O GUARDADOR)
Que te diz o vento que passa?
Que é vento e que passa.
E que já passou antes.
E que passará depois.
Este canto inspirou Manuel Alegre a escrever “Trova do Vento que Passa”, que foi musicado por Antonio Portugal. Este fado se transformou em um hino da resistência a Salazar e hino da Revolução dos Cravos. Abaixo um pequeno trecho:
TOVA DO VENTO QUE PASSA
Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu país
E o vento cala a desgraça
O vento nada me diz
Mas há sempre uma candeia
Dentro da própria desgraça
Há sempre alguém que semeia
Canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
Em tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.
Professor Marcos Roberto Bueno Martinez
Magnífico conteúdo de imensurável valor! Fernando Pessoa permanecerá único! Vejo-o, em suas múltiplas personalidades, um arco-íris de erudição, beleza e singularidade. Parabéns, professor Marcos Roberto Bueno Martinez por referenciá-lo em seu primoroso blogue.
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