Quem gosta de Festa de Rodeio? Segura peão! Muita gente vai
responder que adora e outros vão dizer que não gostam de jeito nenhum. Outros
tantos vão dizer que só curtem os shows. Agora, tem muita gente que diz que só
vai por causa da montaria. Portanto, tratar este assunto do ponto de vista do
gosto pessoal é complicado demais. A discussão pode terminar com aquela antiga
máxima de origem desconhecida, “gosto não se discute”! Além disto, pode gerar
preconceito contra a cultura, o estilo de vida de cada um. Para evitar que a
conversa termine desta forma é melhor contextualizá-la. As festas de rodeio ou
de peão estão fora de moda, apesar de ser um evento antigo e de origem rural. Hoje
as entidades de proteção aos animais lutam para o fim deste espetáculo.
Uma argumentação usada pelas entidades de proteção aos animais é
imbatível: maus tratos. Na festa do peão de Cotia, os militantes deixaram sua
marca nos tapumes em torno do evento: “Amarre seus testículos e sinta a emoção do
rodeio.” Tragicômico. Mas muito mais trágico. Estas festas são, na sua
maioria, descontextualizadas, e são realizadas no “mundo urbano, fantasiado de
caipira”, ou melhor, de cowboi. A festa, que tomou dimensões internacionais,
enfrenta oposição no mundo todo. É um evento sem dúvida violento, visto que a
cada ano aumenta o registro de acidentes com montadores e de acidentes fatais.
Qual a ligação cultural desta festa com as cidades onde elas ocorrem? Existe ou
seria somente financeira?
Não é porque sejam tradições culturais que esta e outras festas
devem ser mantidas. Na verdade, a festa do peão nem mesmo é nossa tradição. A
farra do boi em Santa Catarina tornou-se uma atividade criminosa e as touradas
na Espanha estão com os dias contados.
Perguntas: As festas do peão geram receita para as cidades onde são
realizadas? Se geram, elas estão ligadas com investimentos na área da saúde,
educação, segurança e infra-estrutura? Não tenho nada contra o entretenimento,
mas é preciso urgentemente avaliar se festas deste tipo são positivas para a
cidade. A única coisa que tenho contra é em relação aos maus tratos aos
animais. Precisamos aprender a respeitá-los e decidir se queremos que a nossa
cidade seja conhecida por sediar rodeios cruéis ou por realizar festas diferenciadas,
com um divertimento mais humanizado.
Professor Marcos Roberto Bueno Martinez