Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade. Ela é indestrutível. A criatividade está em toda parte (Niseda Silveira).
Também acho que criança de cidade tem suas
brincadeiras. Depois da escola juntávamos a turma para jogar bola e procurar um
tanquinho para dar um mergulho. Toda vez que íamos nadar escondido, nos rios ou
córregos da cidade (às vezes andávamos quilômetros para encontrar um tanquinho
do jeito que queríamos de baixa de muito Sol).quando chegávamos em casa sempre levávamos um
castigo. Achava que alguém da turma tinha me entregado ao meu pai por ter ido
escondido dele que ia nadar. Depois de adulto descobri que me pai usava uma
técnica muito simples: com a mistura do sol com a água a pele ficava morena,
ele passava a unha sem eu perceber e fazia um risco. O denunciante era eu
mesmo. Ninguém naquela turma entregava os segredos e as “arterices” um do outro.
Amizade era coisa séria. Bola queimada (nessa brincadeira as meninas
participavam), corre-corre, salvo-pega, esconde-esconde, bolinha de gude,
brincadeira do passa anel (era nas brincadeiras do anel que se abria espaço
para os primeiros flertes) e tantas outras brincadeiras faziam parte da nossa
agenda diária. Elas iam estimulando nossa criatividade e fantasias.
Hoje algumas coisas são diferentes (não que hoje
seja melhor ou piorque antes, o contexto é outro). Na minha cidade do interior,
tinha o guarda-noturno que, depois das dez, passava apitando e pedindo para as
crianças irem para casa (íamos prontamente).Uma figura que ficávamos com medo
era do juiz de menores, os adultos diziam que se ficássemos depois das dez na
rua nos levaria pra delegacia. Brincávamos de olho nos carros que víamos depois
desse horário, passando tanto tempo, não sei dizer se realmente existia esse
personagem. Um dia, estávamos brincando de salvo-pega e
alguém gritou: olha o juizado. Foi uma correria cada um para um lado. Um amigo
ficou enroscado no arame farpado, levou oito pontos na coxa da perna. Ficamos
uns bons dias sem aparecer na esquina da rua. Será que existia mesmo esse
juizado de menores que amedrontava nossa época de criancice?
Nenhum comentário:
Postar um comentário