Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O DIA QUE CONHECI MINHA FAMÍLIA BIOLÓGICA

(ADOÇÃO: QUANDO É A HORA CERTA DE CONTAR?)

UM ASSUNTO DOLORIDO PARA MEU PAI

Quem adota uma criança imagino que fica pensando quando é a hora certa de contar sobre a adoção. Um grande dilema! Como os pais vão saber que chegou a hora de revelar? Muitas vezes a notícia da adoção chega até a criança pela boca de um parente ou de um amigo da família, pode ser revelado por certo grau de maldade ou inocência.Cada caso tem sua história. No meu caso, meus pais estavam divididos em contar ou não contar: minha mãe (não me lembro de ela ter contado) contou quando tinha seis anos. Meu pai nunca quis conversar comigo sobre o assunto, para ele eu era o seu filho e fim de papo. Esse comportamento mudou um pouco, quase no final da sua vida,falou comigo poucas vezes sobre o assunto,toda vez que tocava no assunto da minha adoção os seus olhos se enchiam de lágrimas. Com o tempo, desisti de perguntar sobre a adoção, penso que era dolorido para ele.

UM DIA ALGUÉM TINHA QUE CONTAR

Um vizinho, certa vez, me perguntou se eu sabia que era filho adotivo. Antes que eu respondesse,ele disse que eu não era filho dos meus pais. Eu respondi que era sim e ia perguntar para meu pai se era verdade o que ele estava dizendo. Quando meu pai chegou, fui correndo dizer o que aquele homem tinha tido. Meu pai ficou furioso, me pegou pelo braço, me colocou em um jipe antigo e foi até a porta da casa do homem, fez com que ele desmentisse o que tinha dito. O homem disse, nervoso, que não tinha dito nada daquilo e que eu tinha entendido errado. Depois daquele escândalo, nunca mais eu disse nada sobre quem me falava sobre o assunto. Muito tempo depois descobri que aquele homem era um desafeto do meu pai.

VOCÊ NÃO TEM O SANGUE DA FAMÍLIA

Uma coisa chata de escrever,mas preciso escrever, não com a intenção de causar nenhum tipo de constrangimento, mas que este texto sirva para alguma coisa.Muitas vezes, quando arrumava uma confusão com um parente, rapidamente dizia que eu não era da família. Sem mágoa, adoro minha família. Talvez a recordação mais forte que tive foi com minha tia Antônia, de Araraquara, interior de São Paulo, uma mulher simples e de uma sabedoria singular,contou-me uma história de uma mãe que não pôde ficar com seu filho. Com a voz mansa, foi ilustrando com fantasia e cenas reais do acontecido. Com apenas um sussurro, disse que aquela era um pedaço da minha história. Senti um alívio!

ANGÚSTIA DE NÃO SABER SUA ORIGEM: PARECE QUE ESTÁ FALTANDO UM PEDAÇO NA ALMA

Durante muito tempo me angustiei coma ideia de conhecer meus pais biológicos. A ideia de não conhecê-los me dilacerava a alma. Quem eram meus pais? Fantasiava como eles poderiam ser fisicamente. Muitas vezes associava a imagem deles às pessoas adultas com as quais eu convivia. Sem fazer um 
dramalhão, essa sensação de não conhecê-los era extremamente angustiante. Até o dia que tive a oportunidade de conhecê-los através de um sonho. Depois desse sonho comecei a entender melhor a importância dos meus pais de coração.Sonho: estava em uma represa e caminhava dentro da água como se estivesse andando em terra firme. Andava com tranquilidade e os galhos e ramos não atrapalhavam minha trajetória e enxergava sem nenhuma dificuldade,como se estivesse buscando alguma coisa... Uma voz delicadamente me disse no ouvido, olha pra cima, olhei e vi um casal com três filhos. A voz suavemente me disse: esta é sua família biológica. 

O TEMPO CERTO


Aos pais de coração,a hora certa é aquela que tem o tempo certo. Descubra.

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