Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

TIJOLO COM FILOSOFIA


Quando se trabalha com planejamento é preciso decidir prioridades, e quando isto acontece, as coisas que pareciam ser fáceis de realizar ficam distantes dos objetivos já determinados. Aí se reúne a equipe para discutir os novos objetivos, metas e resultados. Vamos lá!

O cenário que encontramos em 2000 na Secretaria de Educação em Cotia foi o de várias prioridades, todas devendo ser solucionadas ao mesmo tempo. Dentro dos objetivos, metas e resultados estabelecidos pela equipe, o mais urgente era construir escolas para atender a demanda escolar. Esta urgência não era “para amanhã”, mas “para ontem”. A indagação do grupo naquele momento era sobre qual estilo de arquitetura escolar queríamos escolher e construir. A partir desta preocupação começamos a fazer a diferença. O principal critério que definimos foi o de que o espaço deveria ser humanizado. Pensando assim, em 8 anos construímos 32 escolas, entre elas 17 Centros Educacionais (creches).

Passado o tempo e com o último censo do IBGE, podemos dizer que tomamos a decisão certa em estabelecer como prioridade a construção de escolas para atender a chegada de novos moradores e dos antigos, então com muitas crianças fora do ambiente escolar. O maior deficit de vagas estava na faixa etária de crianças de 0 a 6 anos. Sendo assim, as escolas foram construídas, na sua maioria, para atender a Educação Infantil.

Mas o trabalho era muito mais amplo. O projeto era discutido com os líderes comunitários ou grupos que desejavam a escola, e eles acompanhavam de perto todo o processo de construção, do chão ao telhado. Um detalhe importante foi que, além dos técnicos que desempenhavam seu papel, o projeto era discutido com a Equipe Pedagógica, que ajudava a pensar o espaço a ser construído de maneira que fosse inteiramente voltado ao aprendizado das crianças. Esta equipe tinha liberdade para sugerir alterações no projeto, sempre no sentido de construir um espaço humanizado. Neste percurso enfrentamos dificuldades. A maior delas era encontrar terrenos nos bairros para erguer os prédios, mas mesmo assim continuamos construindo.

É triste constatar que normalmente a construção de escolas atende somente aos interesses eleitorais, e o que acabamos por ver são prédios escolares que se parecem com prisões, muitas vezes desvinculados da comunidade. São verdadeiros caixotes de concreto. Pensamos todos os projetos de construção das 32 escolas visando receber bem as crianças. O conceito definido para as creches foi o de que deveriam se assemelhar a uma casa. A pintura suave e as ilustrações das paredes, além de serem temáticas e sugeridas pela equipe de educadores da própria escola, deveriam ser algo gostoso de ver. Acabamos por proporcionar uma abertura muito interessante com este jeito de construir: cada escola tinha a sua identidade, a cara de quem frequentava o ambiente. 

A idéia da construção desta escola foi a de que os alunos, professores e funcionários se comunicassem entre si. Os alunos, ao saírem das salas, passam pela direção, pela biblioteca, sala de informática, pela parte administrativa e a cozinha. Todos os segmentos se entreolham. 

Para que se entenda este processo de construção que envolve os sentimentos de todas as pessoas que vivem na escola e em torno dela, quero convidá-los para uma visita às suas   lembranças, através das minhas. O cenário da escola que vou descrever talvez tenha feito parte da vida escolar de alguém. Comecei a estudar no final da década de 60, e a arquitetura da Escola Santa Luzia, em Votuporanga, parecia valorizar a harmonia do espaço com a convivência dos alunos. A direção, as salas e os corredores se comunicavam entre si.  Tinha-se a sensação  de estar aconchegado e protegido. Anos depois, em Cotia, estudei na Escola Batista Cepellos, e a geografia do terreno, aliada à estrutura arquitetônica do prédio, também criavam uma relação intimista entre seus usuários. Era um espaço harmonioso em todos os sentidos. Em meados da década de 70, porém, com o aumento da demanda por vagas, houve a necessidade de ampliar as escolas que já existiam e de construir novos prédios. Infelizmente não se manteve a preocupação com a construção de espaços harmoniosos e humanizados. O único intuito era atender a demanda a qualquer custo.

O conceito dos Centros Educacionais foi o de que eles parecessem com uma casa. Além disto, que fossem aconchegantes e harmoniosos.

É uma pena que a maioria dos projetos de construção de escolas seja apenas para atender aos anseios políticos de quem está no poder e quer continuar lá. Poderíamos enumerar vários que foram realizados nas últimas décadas e que não resultaram em nada, a não ser em “colaborar” com índices baixos, no que tange a qualidade de ensino.

Mas o que é importante neste processo todo é que, mesmo encontrando escolas em situação precária, mergulhadas em diversos problemas, não ficamos olhando para trás e reclamando do que outros não fizeram. Simplesmente nos organizamos para colocar o nosso projeto em prática.



A pintura suave e as ilustrações das paredes, além de serem temáticas e sugeridas pela equipe de educadores da própria escola, deveriam ser algo gostoso de ver.







Cada escola tinha a sua identidade, a cara de quem frequentava o ambiente.

6 comentários:

  1. Oi, Marcos!

    O trabalho de conceituação e construção das creches foi o de uma equipe de primeira linha. Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Satie:
    Professor, consegue exprimir em palavras os nossos sonhos,"sonhados" num porão de uma casa...sonhos de um grupo de professores, idealistas, que pensaram, projetaram, escreveram, e sob a direção de um historiador, iniciamos a colocar em cada tijolinho , a concretização , de um dos sonhos...atender as cras de 0 a 6 anos...CRECHE...com professores formados, e "NO TOQUE DA BORBOLETA", formar um vínculo de qualidade entre os formadores e as criancinhas...Meu eterno amigo, pudemos fazer alguma coisa, muitas creches, construídas, pois tínhamos na direção, VOCÊ, um idealista facilitador, concretizador de sonhos...Obrigada, em nome das crianças de cotia...Bjs. Te amo

    ResponderExcluir
  3. É Professor realmente o Sr, durante o seu mandato enquanto Secretário está de Parabéns!!!Pena que a antiga Escola do Ressaca, não saiu do Papel, até hoje luto por uma reforma merecida, mais esta dificil, a prioridade continua sendo por Escolas Centrais.Abraços!!!

    ResponderExcluir
  4. Não foram apenas construções, mas o inicio de uma historia em cada bairro, era maravilhoso ver a alegria e a auto-estima crescerem ao passo que as paredes se erguiam. Como me orgulhava em ser BENVINDA!!!


    Marly Moraes

    ResponderExcluir
  5. a saude ta uma bosta eles roubaram todo o dinhero agora fica esse tal de moises andando na cidade tirando fotos e falando que ta tudo bem esse carlão camargo foi o pior prefeito que cotia elegeu fora carlão aqui no meu bairro eu vou fazer campanha de graça pra ele voi falar pra ninguem votar neles nem nesses veradores sujos.

    ass: municipe pago meus impostos em dia toma vergonha carlao.

    ResponderExcluir
  6. Parabéns primo pelo olhar vinculado à realidade, para construções de sentimentos, por proporcionar a parceria da arquitetura ao pedagógico e também a humanização.Tive a oportunidade de ver um bocadinho e fiquei feliz e orgulhosa!

    ResponderExcluir