Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

GENTE...




 









   
  
                                                                              



































Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

KAZUO CUMPRIU SEU DESTINO



“A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia.” (Michel Foucault)

“Mas eu também sei ser careta. De perto, ninguém é normal.” (Caetano Veloso)  


Imagine se não existissem personagens como o Kazuo na sociedade? Desprovido de qualquer apego material e se expressando do jeito que bem  entendesse.  Às vezes amoroso e às vezes agressivo, conforme a leitura que fazia das situações que se apresentavam. Em Cotia tivemos muitos “Kazuos”, na sua História. Talvez o mais famoso tenha sido o Morrudo, que passou por aqui na década de 40 e se foi como chegou, ao vento. Ele era querido e buscava água nas nascentes próximas ao núcleo da cidade para abastecer as casas. Em troca pedia uma gorjeta. No melhor estilo Rodrigueano em “A vida como ela é”, dizia Kazuo: “– As coisas não são bem assim.” Saudades!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TRIBUNA LIVRE JÁ!


UMA PEQUENA NOTA:

A Câmara Municipal de Cotia tem dado passos importantes no sentido de ampliar a participação da população nos debates e nas decisões dos projetos de lei. Como exemplos, o “Projeto Câmara Itinerante”, que tem ido até os bairros, e em uma sessão da casa, no dia 16 de agosto, foi dada uma abertura aos professores presentes para que se manifestassem, no púlpito da assembleia. Avanços! Não acredito que estas ações do poder legislativo sejam um jogo  de marketing, tipo  faz de conta: “eu faço de conta que tem abertura e você faz de conta que participa”. Não acredito nessa hipótese. Porque não a tribuna livre? Já está mais do que na hora!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

UM SONHO





Da esquerda para direita: Osvaldo Manoel de Oliveira, Odair Pacheco Pedroso, João Tavares, Rubens Ferrari, Benedito Viviani e Epitácio da Rocha Gadelha. Esta foto foi tirada em 1968. No dia 12/12/ 1975 é inaugurado o Hospital de Cotia. 

MANCHETE DO JORNAL REGIÃO

“GOVERNADOR E MINISTRO DA SAÚDE INAUGURAM
O HOSPITAL DE COTIA”


Professor Marcos Roberto Bueno Martinez



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

EPIDEMIA DE VARÍOLA EM COTIA (1)



O primeiro registro de surto de varíola em Cotia data de 1791. Antes de continuar com este assunto um tanto mórbido, quero convidá-los a criar um cenário usando ficção e História, de como era Cotia no final do século XVIII. Já imaginou? Na praça da matriz, olhando no horizonte nevoento, ao fundo a Igreja de 1713, a venda de escravos e o comércio agitado pelos tropeiros com destino ao sul. Imaginou o burburinho das rezadeiras encomendando mais uma alma vitimada de bexiga, como era conhecida a varíola? Mais um detalhe, os corpos não podiam ser enterrados em solo sagrado, daí a necessidade de criar um cemitério em outro lugar, como revela documento da Igreja Nossa Senhora do Monte Serrat. E a vida vai sendo levada melancolicamente.

“Aos 18 do mês de outubro de 1791, com licença benzi um cemitério perto desta freguesia, de fronte da Cruz das almas que está no caminho que vai para Sorocaba e perto de um pinheiro, para serem sepultados os corpos dos que falecerem de bexigas e males contagiosos para não infectar o povo todo. E para constar, fiz este termo que assino”.- o Vigário Fernando Lopes de Camargo. (Tombo de Cotia: 1728-1844, p.65v. Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva). 

Cento e trinta e sete anos depois, outro surto de varíola assombra Cotia e região. No inicio do século XX, Cotia e o Brasil, agora republicano, ainda guardam muita semelhança com a  freguesia da Cotia colonial. Um relatório de higiene datado de 1926 detalha o surto de bexiga na cidade. O documento apresentado pelo médico E. de Almeida Prado mostra a precariedade em relação à educação sanitária local, motivo da facilidade do avanço da epidemia. O relatório, que é um estudo de cinco anos de medicina e foi apresentado no Instituto de Higiene de São Paulo, aponta a dificuldade em classificar a mortalidade no município como podemos verificar:

“A ausência de médico no município muito contribui para a deficiência nas estatísticas de mortalidade, todas as mortes se catalogando entre as mal definidas ou acidentais, como se verifica nos comunicados do cartório local. Apenas em 1924 vemos um ligeiro esboço de discriminação por doenças, devido talvez ao fato de alguns médicos desta Capital lá terem ido se refugiar durante os dias anormais de São Paulo, presa de um movimento subversivo.”

AQUI VAI UMA FOTO:



Nesta fotografia vemos o Sr. Joaquim Nascimento, Guarda Sanitário, vacinando uma família de brasileiros, habitantes nas proximidades da cidade de Cotia. Pelo aspecto da casa que vemos acima, podemos fazer uma ideia do que era a higiene dos habitantes do município, pois são deste tipo as moradias dos sitiantes.

Os sanitaristas  conseguem mapear os bairros que adquiriram a doença em Cotia, mas deixam bem  claro que a contaminação veio de fora da cidade, do  Bairro de Votorantim, hoje cidade. 

“E.P.S., sexo feminino, e seus três filhinhos: M. S. M. (fem.) ; R. S. M. (masc.) e R. S. M. (masc.), residentes em Sorocaba, adquiriram nesta cidade a varíola. Mais ou menos oito dias após a volta de automóvel para a casa de seu pai neste bairro. Dois dias depois , em 8 de junho de 1926, foram removidos para o Hospital de Isolamento de S. Paulo.” 

Qual a ligação destes casos com a epidemia de varíola em Cotia?

“Como vimos, 4 dos casos de varíola que computamos neste bairro, vieram já doentes de Sorocaba; por isso deveriam ser excluídos da lista dos variolosos do município de Cotia. Não o fizemos, porque esses casos de varíola foram diagnosticados no município de Cotia, e no fichário da Inspetoria de Moléstias Infecciosas estão entre os casos deste município."

BIBLIOGRAFIA
Sepultamentos na Freguesia de Cotia.
Padre Daniel Balzan
Relatório de investigação sobre um surto epidêmico de varíola no Município de Cotia.
Relatório cedido pelo Sr. José Torrezani

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez



CONFRATERNIZAÇÃO





Arquivo pessoal – Eliana Silva

O espaço do Restaurante Coruja existe até hoje, mas nessa época era baladíssimo, lugar de encontro das várias tribos da cidade. Eliana Silva não se lembra dos nomes de todos os colegas na foto de confraternização da primeira turma de formandos do colegial de humanas do “Zacarias”. Estes alunos estudavam no prédio antigo, onde hoje é o Pedro Casemiro Leite. Do lado esquerdo pula a primeira pessoa, a segunda é Eliana Silva, em seguida vêm Dalva Michelloti e Nazira Chalupe. Do lado direito, Luiz Carlos Gomes. Ele não era formando, mas amigo da turma. Formandos de 1972.
Observação: nessa época muitos alunos vinham de Itapevi para estudar no antigo Zacarias, pois lá não havia colegial, e a emancipação política de Cotia tinha acontecido há pouco tempo. Ajude-nos a identificar alguns alunos desta foto.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

RESTAURANTE PICOLI




Este restaurante localizava-se no alto da serra de São Roque. Ali aconteciam muitas atividades realizadas pelo Hospital de Cotia, com o intuito de levantar fundos. Esta foto foi tirada na década de 70, em mais um evento, este organizado pelo médico Epitácio da Rocha Gadelha. O convite foi vendido por Quinze Cruzeiros e foi um sucesso, com a presença de mais de duzentas pessoas. Neste almoço beneficente foi servida uma alcachofrada. O prédio existe até hoje.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O BULLYING BATEU À MINHA PORTA


Hoje sou costurado, sou tecido .
Sou gravado de forma universal.
Saio da estamparia, não de casa
Da vitrina me tiram, recolocam.
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem
Já não me convém o titulo de homem
Meu nome novo é coisa
Eu sou a coisa coisamente.

EU, ETIQUETA (Carlos Drummmond de Andrade)


No meu primeiro dia de aula tudo era novidade e surgia um mundo completamente diferente do qual tinha vivido até então. Amigos novos, recreio, merenda e um pátio imenso para correr e brincar. Cada criança naquele primeiro dia de vida escolar, ao seu modo tentava marcar seu espaço. Até aí tudo bem, mas foi na saída da escola que percebi que começaria a enfrentar problemas com os antigos alunos. Um menino bem maior do que eu dizia com uma cara de mau e com muita firmeza, que ia me bater na saída da aula. Fiquei apavorado, pois não tinha feito nada e aquele grandão queria me acertar. O que fazer?

Na saída ele partiu para a agressão, e fui cercado pelos seus amigos. Quando ele veio com um soco armado, não tive dúvida: agachei, peguei uma pedra e a lancei com destino certeiro, nos pés do menino, que desabou aos gritos. Para imaginar a cena, é só lembrar do enfrentamento de Golias e Davi.

Mesmo tentando me defender, o desfecho não foi nada satisfatório para mim. Quando cheguei em casa, a mãe do menino estava entregando a pedra para meu pai e contando a história do jeito dela. Levei “aquela” chamada e me foi dito muito claramente, que da próxima vez eu deveria procurar o diretor ou o professor, e depois contar em casa o que aconteceu. E  que nunca desrespeitasse meu professor! Aprendi que jogar pedra não era a melhor saída. Além do esfregão foram cortados alguns privilégios.

Cresci como milhões de crianças e jovens, influenciado pelas revoluções culturais dos anos 60 e 70. Os valores foram remexidos revirados e alguns triturados, e aquilo que era certeza até então, em termos de comportamento, deixou de ser. O homem chegou à lua, houve a Guerra Fria, o movimento hippie, a explosão do movimento estudantil no mundo, as ditaduras na América Latina, e os enfrentamentos da resistência foram criando um cenário nunca visto. A família também foi atingida em cheio por estas mudanças. A hierarquia patriarcal sofreu uma grande transformação.

Toda esta breve introdução e contextualização foram feitas para falar sobre a violência nas escolas, que vem atingindo pobres e ricos indistintamente, e cada um com seu grau de perversidade. Outro dia minha filha reclamou que os colegas de escola estavam “zoando” do seu sotaque nordestino, que às vezes, conforme a palavra, fica acentuado. Disse a ela que falasse com a coordenadora, e aparentemente as coisas se acalmaram.

Mas... a calmaria foi aparente. Ela e uma amiga foram atacadas covardemente no Facebook.  Não publicarei os nomes dos agressores e nem dos agredidos, claro, mas alerto os pais para que prestem mais atenção nos seus filhos. Foi postada uma foto de uma menina negra, de cabelos loiros, e a conversa virtual foi e é preocupante, estarrecedora, carregada de dissimulação, ódio, preconceito, prepotência, arrogância, homofobia, com a certeza da impunidade. Transcrevo um trecho:

“..... sim claro que sei ..... é essa que estou pensando ..... nossa que coisa feia! ..... que p... (palavrão) é essa ..... KKKKKKKK ..... Cara não cita o nome de ninguém aki ..... Qual o problema não existe só ..... na tal série ..... cuidado com o Prof. ..... Ele tem face(book) ..... Apaguei depois f... (palavrão) pro meu lado ..... Ele vai fazer o que me deixar de castigo hahaha ..... quem é esta preta ..... uma menina diz: c... (palavrão) parece com aquelas meninas.” E a agressão virtual vai longe, acrescida de muitos erros de Português, diga-se de passagem.

A escola tem a responsabilidade de promover palestras, discussões e atividades educacionais sobre o tema, ninguém tem dúvida sobre isso. Por outro lado, é bom salientar que a escola tem seu limite de atuação sobre os alunos, e o “grosso” da educação tem que ser realizado no núcleo familiar. Sabemos que estamos procurando um novo formato de família e de educação dos nossos filhos, mas tem coisas que são básicas, como colocar limite no uso da Internet, valorizar atividades culturais e nem tanto as de consumo, por exemplo. Que filhos estamos criando, que querem marcar seu espaço subestimando covardemente outros seres humanos, e com tamanho sentimento de desprezo?

Nos meus anos de sala de aula como professor, vi de tudo: aluno agredindo professor e vice-versa, mães incentivando seus filhos a reagirem com violência. O que percebi foi que muitas vezes o chamado aluno “problema”, quase que deixa de sê-lo, quando conhecemos os pais. Passamos a entendê-lo melhor. E se pudéssemos indicaríamos um tratamento a estes pais. Para encerrar o assunto, quando algum aluno se sentir agredido deve tentar dialogar com a escola e informar o ocorrido à família. Se o problema não for resolvido, os pais devem procurar o Conselho Tutelar e o Ministério Público. Não se calem!

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

Leituras complementares no blog:

  • Pais e Filhos
  • Violência na Escola

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O MUNDO EM SUAS MÃOS


 

Arquivo do Sr. Yano


Esta foto foi tirada pelo Sr. Yano em 15 de dezembro de 1973. Nesse dia foi realizada uma festa acompanhada de um bingo beneficente no pátio do pronto socorro, na parte interna do Hospital. No centro da foto aparece o General Paulo, do I Exército de São Paulo, brincando deliciosamente com a bola. É bom lembrar que neste período vivíamos sob a égide da ditadura militar.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez