No final da década de 70, comecei a ouvir falar muito do Lula. Na época uma boa parte da imprensa “descia a lenha” sem dó: grevista, baderneiro, barbudo, comunista e tantos outros adjetivos que não devem nem mesmo ser lembrados. O que não podemos esquecer é que vivíamos sob a égide da ditadura militar.
Algum tempo depois o “sapo barbudo” – assim o apelidou o senhor Brizola – juntamente com vários segmentos da sociedade brasileira, indignados com a ditadura, fundaram o Partido dos Trabalhadores. E os comentários continuaram, aumentando cada vez mais o rancor carregado de uma boa dose de ódio e preconceito: “Como um analfabeto pode organizar um partido?” “Só falta querer ser presidente do Brasil!” A personagem Tereza Cristina, da novela das oito, existe e está presente no inconsciente coletivo de muitos brasileiros, representando o desprezo que estes têm pelo povo.
Muitos homens públicos e celebridades receberam diagnóstico de câncer, assim como Lula, e foram atendidos no Sírio Libanês e no Albert Einstein. O caso mais recente foi o do vice- presidente José Alencar, que deu uma aula de resistência e luta contra o câncer de que foi acometido. Outra vez surgiram falas e comentários idiotizados, carregados de preconceito, quando a mídia divulgou que o ex-presidente Lula estava com câncer na laringe. “Ele deveria ser tratado pelo SUS!” Porque isto não é dito de outras pessoas públicas e celebridades? Por outro lado, se ele fosse fazer o tratamento pelo SUS, diriam que ele estaria ocupando a vaga de um paciente menos favorecido financeiramente.
O Lula não inventou o Brasil e merece respeito e carinho dos brasileiros pelo que fez, e mesmo que discordemos do seu governo, ele foi um marco importante como presidente neste período democrático. Devemos respeitar o seu sofrimento e o de sua família.
O que não podemos é “misturar alhos com bugalhos” neste momento delicado, e iniciar uma discussão sobre a saúde pública que, todos sabemos, não é ruim. É muito ruim.
Lula, estamos torcendo por você e com certeza você vai dar o seu exemplo de superação e resistência.
Professor Marcos Roberto Bueno Martinez
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