(SUSTENTABILIDADE III)
“A indiferença com o meio ambiente é a conivência
com a nossa destruição.”
(Hans Alois Tschirner - 1949-2006) [1]
Pesquisadores dos
departamentos de Ecologia e de Zoologia do Instituto de Biociências da
Universidade de São Paulo, do Instituto de Botânica e do Departamento do
Patrimônio Genético da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério
do Meio Ambiente realizaram durante cinco anos estudos sobre a Reserva Florestal
Do Morro Grande, pesquisa nunca feita até então. Produziram um documento revelador sobre a fauna e a flora
que habitam bem próximas aos nossos quintais e bem debaixo dos nossos narizes,
e que há anos vêm sofrendo uma degradação impiedosa. O estudo realizado pelos
pesquisadores apresenta problemas e
soluções para este pedaço da Mata Atlântica e precisamos de fato conhecer mais
sobre a Reserva do Morro Grande para que este oásis verde seja preservado e
explorado sabiamente pela comunidade local.
O documento intitulado Características
ecológicas e implicações para a conservação da Reserva Florestal do
Morro Grande [2]
registra em seu levantamento mais de 13 mil indivíduos pertencentes a 673
espécies de árvores, mamíferos
não-voadores, aves, répteis, anuros (sapos, rãs e pererecas) e aranhas
orbitelas (um tipo de aranha).
Represa
das Graças
A América Latina Logística,
mais conhecida como ALL, é uma empresa que atua na área da logística para o
escoamento da produção rural através de ferrovias, que tem recebido diversas
críticas nas regiões onde exerce suas atividades por descumprir normas do processo
de privatização do qual participou. Inclusive está sendo investigada por uma
comissão no Congresso, pelos senadores.
As irregularidades são
muitas, mas o que a ALL tem a ver com a Reserva Florestal do Morro Grande? Uma
parte da malha ferroviária passa pela reserva e o IBAMA autorizou a duplicação
de 27 quilômetros da linha férrea até Embu-Guaçu. Como? Teve algum estudo do
meio? Qual o impacto desta obra na reserva? Quais caminhos foram percorridos
para a ALL receber essa autorização?
ALL recebe licença do Ibama para duplicação de
ferrovia em São Paulo
Brasília (30/11/2011) – O
Ibama emitiu autorização prévia referente ás obras de duplicação do
segmento ferroviário Itirapina até Embu-Guaçu. O trecho de 27 quilômetros é
parte da ALL Malha Paulista.
Após concluída, a obra propiciará o aumento da capacidade de escoamento da safra de soja e demais grãos do Mato Grosso ao Porto de Santos.
Ascom - Ibama
Após concluída, a obra propiciará o aumento da capacidade de escoamento da safra de soja e demais grãos do Mato Grosso ao Porto de Santos.
Ascom - Ibama
Para que algum interessado
receba uma autorização do IBAMA para viabilizar seu projeto são exigidas três
fases: a primeira fase é a “Licença Prévia”, depois a “Licença de Instalação”,
e por último a “Licença de Operação”. Cada fase estabelece critérios bem
definidos, e além disso, o projeto é remetido a órgãos ambientais para estudos
e análises. A argumentação para a autorização da duplicação é até convincente: “para
escoar soja e outros grãos do Estado do Mato Grosso ao Porto de Santos”.
Será que essa autorização foi concedida pela força econômica que cerca estes
grupos? Muita pressão! Mas a pergunta que não quer calar é: “Qual será o
impacto ambiental na Reserva do Morro Grande?” Alguém pode responder? Para
que não sejamos chamados de alarmistas e catastróficos é de bom senso lembrar
que a reserva vem sofrendo agressões da comunidade em seu entorno há anos.
Represa
Pedro Beicht
A fiscalização deste
território é realizada pela SABESP. São 10.873 hectares, que correspondem
aproximadamente a 12 mil campos de futebol oficial. A comparação foi feita só
para percebemos o patrimônio ambiental que temos. “En passant”, a fiscalização
é precária, e devido à extensão da floresta os fiscais não conseguem evitar a
presença de caçadores. Agora pasmem: animais exóticos são abandonados na
reserva, ameaçando os moradores nativos! Será que a saída seria transformar a
Reserva do Morro Grande em um parque? Há grande dúvida em relação a isso, mas
de imediato é preciso evitar o crescimento populacional nas proximidades da
floresta, e em conjunto com a comunidade e as instituições públicas viabilizar
projetos que ao mesmo tempo gerem receita para o município e promovam cultura e
educação no sentido de preservar esse patrimônio verde. É bom lembrar a uma
parte dos moradores da cidade de São Paulo e da Grande São Paulo, que a água
que chega nas suas torneiras vem dessa reserva, onde se localizam as represas
Pedro Beicht e das Graças.
SABESP –
Estação de tratamento de água
FONTES:
. In-pacto Instituto Proteção Ambiental
. Relatório do Senador Requião aprovando a comissão de inquérito sobre a Agência Nacional de Transportes Terrestres
. Documento: Características ecológicas e implicações para a conservação da Reserva Florestal do Morro Grande
http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn01006022006
. In-pacto Instituto Proteção Ambiental
. Relatório do Senador Requião aprovando a comissão de inquérito sobre a Agência Nacional de Transportes Terrestres
. Documento: Características ecológicas e implicações para a conservação da Reserva Florestal do Morro Grande
http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn01006022006
Professor Marcos Roberto Bueno Martinez
É absurda a falta de planejamento ecológico na região de Cotia. Espero que a Reserva seja preservada e que esta ferrovia não seja construída.
ResponderExcluirPrezado Professor Marcos,
ResponderExcluirPoderia investigar o porque a ALL já iniciou a obra de duplicação desde a localidade conhecida como Anhanguera (inclusive construiu um posto de abastecimento irregular, que está contaminando o solo e a água subterrânea), no município de São Roque e Mairinque sem o IBAMA ter emitido a licença de instalação? Quem está por trás disso? Denunciamos para o proprio ibama que está em silêncio. è só ir lá e ver que aterraram nascentes, cortaram árvores e já fizeram os aterros para receber os trilhos.
Certamente precisamos saber mais sobre a Reserva e atuar enquanto cidadãos! Fiz um curso da Prefeitura sobre Preservação de Itupararanga. Consegui aumentar minhas dúvidas sobre o assunto. Sobre a ocupação dessa região, tenho muitas dúvidas. Aquela construção paralela ao Rio próximo ao Sítio do Mandu é assustadora, a natureza reagiu... fizeram muitos acertos na construção, mas não desistiram. Quem autorizou? Não sabemos. Não podemos ser coniventes com isso, nem com quaisquer ações políticas que não beneficiem a educação, a saúde...
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