O espaço não pode ser estudado como se os objetos
materiais que formam a paisagem trouxessem neles mesmos sua própria explicação.
Isto seria adotar uma metodologia puramente formal, espacista, ignorando que
ocasionaram as formas. Como analisar esta relação entre a estrutura e a forma,
a sociedade e a paisagem? (Santos, Milton. Pensando o espaço do homem. Ed
EDUSP, 2004, p. 58)
Não é de hoje que a ampliação da Raposo Tavares
faz parte do imaginário dos antigos moradores, sempre associada à ideia de
desenvolvimento e progresso. Com um processo ainda tímido de urbanização na
década de cinquenta, que se acentua no final de 60, as conversas e brincadeiras
sobre a rodovia eram de que muitos moradores partiriam para o outro lado da
vida e a tal ampliação não aconteceria. Ela chegou no início de dois mil e a metonímia
“a Raposo está parada” é quase todos os dias entoada por moradores antigos e
novos da cidade, que vivem o stress do congestionamento quase diário da antiga
rodovia São Paulo-Paraná.
Se a ampliação da rodovia não for pensada e
planejada considerando a complexidade que a envolve, de nada adiantará qualquer
tipo de intervenção neste trecho da estrada que corta Cotia. Tempos depois, iremos
novamente ouvir os lamentos de que “a Raposo” está parada. O poeta e arquiteto
Mário Luiz Savioli, em seu livro[1]
aborda a rodovia Raposo Tavares como a
espinha dorsal que permeou e permeia o desenvolvimento da cidade. O livro é
uma referência de informação e dados estatísticos e históricos que balizam uma
discussão sóbria sobre uma possível ampliação da rodovia, considerando que ela
está encravada na região metropolitana de São Paulo. A ampliação deve levar em
conta a Raposo e Cotia, a metrópole e as cidades circunvizinhas. Sem isso é
chover no molhado.
Ora, precisamos antes olhar para o próprio umbigo.
É primordial colocar o Plano Diretor[2] da
cidade em ação, inclusive para que possamos cobrar qualquer intervenção efetiva
do estado ou da federação na ampliação da estrada. É preciso fazer a lição de
casa também. E ai a participação da sociedade civil organizada é importante e o
envolvimento da Câmara Municipal e do poder executivo é fundamental. A cidade
de São Paulo já vem desde o final da década de oitenta colocando em prática
restrições à circulação de caminhões no centro, que foi se expandindo com o
tempo, com o rodízio de carros e outras ações. Mas os congestionamentos
aumentam a cada dia e o caos está instalado. Não há dúvida de que o
investimento em transporte público é uma das melhores saídas.
Há um tempo atrás, dizer em tom de brincadeira que
um dia o Metro chegaria a Cotia era motivo de muita chacota, hoje é visto como
coisa séria e possível. Se não for o Metro será algo como um transporte de superfície.
E a melhoria do transporte público interno é urgente, aproveitando melhor o
transporte alternativo. A cidade não vive mais sem ele, mas precisa ser melhor
regulamentado e fiscalizado, como se deve também fiscalizar acentuadamente a
empresa oficial de transporte da cidade, que deixa seus serviços a desejar.
Assim, com o pé no chão e cheios de esperança, podemos dar os primeiros passos
para um trânsito melhor na Raposo Tavares. Quem sabe um dia possamos deixar o
carro em casa e usar este transporte público com decência. Enquanto isso, só
nos resta reclamar!
Professor Marcos Roberto Bueno Martinez
Podíamos começar com um corredor,que é fácil de fazer pra ontem...Partindo daí,exigir que a empresa respeitasse,leis e normas de horários e já teríamos uma Raposo mais aliviada....Se o transporte coletivo funcionasse em Cotia,o desafogamento da rodovia seria visível!
ResponderExcluirConcordo Suely Bombarda , a ideia vem sendo discutida mas ainda ta emperrada.
ResponderExcluirO transporte coletivo deve ser preferencia, mas ainda ha grandes impecilhos.
Boa Marção abraçõs.