Logo que houve a desocupação dos
moradores do Pinheirinho em São José dos Campos, escrevi uma pequena nota de
indignação com a forma tão agressiva que se deu o fato. Resolvi guardar o que
escrevi, pois os números das informações no calor do momento poderiam estar mostrando
algo que não fosse verdadeiro. Passado pouco tempo do ocorrido as manchetes da
mídia desapareceram e deram lugar a outras notícias, afinal o índice do ibope
fala mais alto que a vida. A imprensa,
no geral, tratou o assunto com superficialidade, deixando a ideia que ali
estavam sendo desalojados um bando de desocupados e marginais. Mas a história
não é bem assim.
Quando alguém resolveu perguntar
de quem era a responsabilidade da ação desumana praticada ali, imediatamente
houve a partidarização. O governo federal culpou o estadual e o estadual culpou
o federal, de olho nas eleições municipais. Enquanto isso, famílias inteiras
ficaram perambulando com suas crianças, como zumbis, pela cidade. Outra
pergunta foi feita em meio à pancadaria instaurada: “- Há quando tempo existe o
Pinheirinho?” Deu nó na garganta de muita gente, mas a resposta apareceu. Uma
década! Com certeza algum candidato a um cargo no poder legislativo ou
executivo vendeu o sonho da casa própria para essa gente. Será? Isto também já
ocorreu em Cotia. Desatando o nó, uma única pergunta: em 10 anos de Pinheirinho
nada foi feito, nenhuma obra pública? Nenhuma. Com a iminência da desocupação
durante esses anos todos, nenhuma ação prática dos órgãos públicos foi
realizada. Alguém tem que segurar essa batata quente e pode ser o povo, que mais
uma vez foi excluído.
A cobertura da imprensa foi
lamentável. Valorizando só o espetáculo, ora mostrava o lugar como só de
marginais, ora de drogaditos associados ao tráfico e ora de desocupados e de partidários
radicais prontos para enfrentar a polícia. Imaginem quem está em casa diante da
televisão vendo e ouvindo estas imagens e falas? Alguns artigos absurdos “informaram”
que a desocupação fez aumentar o número de roubos e furtos na cidade, sem
nenhum dado de comparação, sem nenhuma investigação. Para quem observava de
fora, parecia que São José tinha se tornado uma babilônia. Apesar do
Pinheirinho ter saído do noticiário ele existe e está recheado de gente que tem
história de vida e que está precisando da sua solidariedade.
No Facebook conheci a Carmen
Sampaio, que vem realizando um trabalho com muitas outras pessoas no sentido de
construir o que foi desconstruido. Cada um de nós pode ajudar com móveis e
carinho, por exemplo. No “Face” tem a página “Pinheirinho Existe” e também há o blog “Somos Todos do Amor”, onde está uma lista das necessidades mais
urgentes das pessoas.
Professor Marcos
Roberto Bueno Martinez
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