Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

domingo, 4 de março de 2012

PINHEIRINHO AINDA EXISTE!



Logo que houve a desocupação dos moradores do Pinheirinho em São José dos Campos, escrevi uma pequena nota de indignação com a forma tão agressiva que se deu o fato. Resolvi guardar o que escrevi, pois os números das informações no calor do momento poderiam estar mostrando algo que não fosse verdadeiro. Passado pouco tempo do ocorrido as manchetes da mídia desapareceram e deram lugar a outras notícias, afinal o índice do ibope fala mais alto que a vida.  A imprensa, no geral, tratou o assunto com superficialidade, deixando a ideia que ali estavam sendo desalojados um bando de desocupados e marginais. Mas a história não é bem assim.

Quando alguém resolveu perguntar de quem era a responsabilidade da ação desumana praticada ali, imediatamente houve a partidarização. O governo federal culpou o estadual e o estadual culpou o federal, de olho nas eleições municipais. Enquanto isso, famílias inteiras ficaram perambulando com suas crianças, como zumbis, pela cidade. Outra pergunta foi feita em meio à pancadaria instaurada: “- Há quando tempo existe o Pinheirinho?” Deu nó na garganta de muita gente, mas a resposta apareceu. Uma década! Com certeza algum candidato a um cargo no poder legislativo ou executivo vendeu o sonho da casa própria para essa gente. Será? Isto também já ocorreu em Cotia. Desatando o nó, uma única pergunta: em 10 anos de Pinheirinho nada foi feito, nenhuma obra pública? Nenhuma. Com a iminência da desocupação durante esses anos todos, nenhuma ação prática dos órgãos públicos foi realizada. Alguém tem que segurar essa batata quente e pode ser o povo, que mais uma vez foi excluído.

A cobertura da imprensa foi lamentável. Valorizando só o espetáculo, ora mostrava o lugar como só de marginais, ora de drogaditos associados ao tráfico e ora de desocupados e de partidários radicais prontos para enfrentar a polícia. Imaginem quem está em casa diante da televisão vendo e ouvindo estas imagens e falas? Alguns artigos absurdos “informaram” que a desocupação fez aumentar o número de roubos e furtos na cidade, sem nenhum dado de comparação, sem nenhuma investigação. Para quem observava de fora, parecia que São José tinha se tornado uma babilônia. Apesar do Pinheirinho ter saído do noticiário ele existe e está recheado de gente que tem história de vida e que está precisando da sua solidariedade.

No Facebook conheci a Carmen Sampaio, que vem realizando um trabalho com muitas outras pessoas no sentido de construir o que foi desconstruido. Cada um de nós pode ajudar com móveis e carinho, por exemplo. No “Face” tem a página “Pinheirinho Existe” e também há o blog “Somos Todos do Amor”, onde está uma lista das necessidades mais urgentes das pessoas.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

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