A
violência física e psicológica na relação entre professor e aluno não é um
comportamento recente na educação, ela foi se construindo durante décadas, principalmente,
pela falta de um projeto politico educacional consistente. Até então, nenhuma
novidade, brincam com a educação, também é uma pratica antiga no Brasil. E os
sintomas de que as coisas não andam tão bem, nas escolas públicas e
particulares, é de conhecimento da sociedade. Os índices e estatísticas de precariedade
da educação estão estampados na mídia quase todos os dias, uma notícia negativa
desprestigia o profissional da educação diante da sociedade. Quantas Marias de
Fátima, professora de filosofia, vão ter que levar “soco na cara” para os políticos acordarem, os
pais acordarem, os alunos acordarem e os professores acordarem de que a escola
precisa ser transformada?
Lembranças antigas: No final da década de 60 depois do recreio escolar, a
professora entra na sala de aula, pede austeramente, para que todos os alunos
fiquem de pé. Todos os alunos gelam diante da fúria da professora. Ela vai até um dos alunos e lança com força
um tapa no rosto do mesmo, ele fica estático diante da atitude e abaixa a
cabeça. O motivo que levou a professora a esta ação grotesca é que durante o
recreio, um aluno tinha batido com uma vara nas pernas do seu filho, e alguém
tinha dito que a criança que praticou tal violência tinha sido um gordinho. Depois
ficamos sabendo que não tinha sido o menino que levou a bofetada que bateu no
filho da professora. O garoto nunca mais
apareceu na escola. Meados da década de 80, uma professora entrega a prova a
seus alunos, um deles discretamente,
coloca um revolver em cima da mesa e pergunta se aquela nota era a dele. A nota
teria sido abaixo da média. No último caso a professora desistiu da profissão.
Nem um dos dois casos, serve de modelo para a educação.
A violência contra o professor não pode ser analisada somente em si, mas
devem ser vistas dentro de um contexto maior. Tratar deste assunto como
fenômeno de um país subdesenvolvido é um engano. Essa violência física e
psicológica contra o professor não é apenas privilégio de países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento, ela é global. Nos países desenvolvidos os professores também
estão apanhando e morrendo. Eles como nós, estão perdidos, não sabem lidar e o que
fazer com a violência crescente dentro das escolas. Que criança e jovem estamos
recebendo dentro da instituição escolar? É um erro analisar este fato da
violência como um fenômeno das classes menos favorecidas. Ela não é de escola
pública somente, mas de escolas particulares também. Segundo dados do Sindicato
dos professores de Minas Gerais, 46% das denuncias de agressão contra os
professores são de escolas particulares. No Rio Grande do Sul, 58% dos
professores da rede privada foram identificados com estresse. No âmbito geral,
82% dos professores brasileiros sofrem algum tipo de violência. Na Argentina,
Inglaterra e Estados Unidos, os números não são diferentes daqui. Não é mudando
a promoção continuada como defendem alguns educadores, e colocar reprovação que
vai diminuir a violência. A saída não é paliativa e nem repressiva.
Ora, na sociedade do espetáculo, o valor está na aparência, na
celebridade, a escola realmente esta fora de moda. Entre o que a escola ensina
e a sociedade que esta aí exige, existe
um abismo imensurável. Esta constatação também não é nova. Urgentemente,
precisamos valorizar a profissão do professor, com implantação de um Plano de
carreia, condições de trabalho decentes, projeto de formações continuadas,
aumento de salário e implantar um projeto de autogestão, com objetivos, metas e
resultados. É possível! Além da valorização do professor mais urgente é olhar
para o profissional da educação (Administrativa e operacional) que a situação
chega a ser calamitosa. Na escola particular o “cliente aluno” sempre tem
razão. Conheço muitos professores que foram demitidos e tinham razão nas suas
reclamações. A vontade final é do
cliente! A mercantilização do Ensino deve ser questionada e aprofundada?
Ok, a partir destes cuidados a educação mudaria da água para o vinho?
Não! O governo tem que discutir e colocar em pratica uma escola que ande de
mãos dadas com a sociedade. Os pais têm que participar da vida dos seus filhos
e da vida escolar deles. A escola tem que absorver as novas tecnologias. É
possível, temos experiências realizadas com sucesso, no Brasil e em outros
lugares do mundo. Enquanto esta transformação não ocorre continuaremos
constatando, com sabor de conformismo, outras
“Marias de Fátimas” levando muitos
socos na cara. Ficaremos indignados, depois, esqueceremos!
Magnífico sua visão sobre a Escola passar visões ultrapassadas ao ver da sociedade!
ResponderExcluirOs valores estão se perdendo ,que fato triste né professor?!
Lis de Almeida