Nunca imaginei que em um encontro com amigos, pudesse
suscitar tantos sentimentos
adormecidos. Lembranças, costumes e hábitos há
muito tempo esquecidos, vieram à tona. A Receita do Pastel de Farinha de Milho foi
apenas um detalhe, nela existe um universo de
significados bem maior que os ingredientes em si. A família Oliveira tem
está receita a mais de cem anos circulando entre eles. Quantas Histórias a cada
“massada”? Muitas! Histórias de dores e alegrias.
Uma delícia. Está receita vem da Bisavó da Dona Maria. É bom
lembra que o milho era alimento comum nesta época.
Mão na massa:
Leva-se a uma bacia; farinha de milho, uma pitada de sal, a gosto. Para dar a liga na massa, um punhado de farinha de mandioca, junte tudo. Enquanto isto, água quente, não fervendo! Água quente e fervendo é bem diferente uma dá outra. Jogue a água aos poucos na bacia com os ingredientes e mexa com uma colher de pau, use a mão para sentir a textura da massa quando ela estiver mais fria. Dê uma surra na massa, o tato das mãos é muito importante. A mão vai dar o momento da maciez da massa, com a mão vem um monte de sensações de sentimentos.
Dona Maria Domingos da Silva e o senhor Joaquim Domingos de Oliveira(noventa anos) O Pastel Caipira uma tradição de família.
O recheio ao gosto: carne, frango, queijo, camarão, carne
seca e outros.
Um outo ingrediente, que não pode faltar, é o burburinho em
volta, muitos causos, muitas Histórias,
literalmente, colocar a conversa em dia.
O sabor fica diferente. Uma tarde na casa da família Quintino reforçou
a ideia de que família é fundamental na formação emocional de cada um de nós.
Uma pausa: família como ela está constituída hoje, bem diferente do tempo
antigo, as mudanças tem que ser respeitadas. Outra dica no preparo da receita, não
fique com medo de errar o jeito de fazer a massa, faça, ela pode ficar seca e
ao fritar o pastel rachar, se isto acontecer faça de novo, quantas vezes for
preciso. Uma hora sua mão e o paladar vão lhe dizer que assim está perfeito. A
vida não é diferente, ela é construída de acertos e erros.
A pressa não combina com esta receita, antes teve o almoço
com um cardápio de dar água na boca, galinha caipira, polenta, macarronada,
muita risada e conversa boa. Lógico que sobrou um espacinho para maldizer dos
outros. (risos). Um encontro como este não pode ser intermediado pelo celular e
pela rapidez do fast food.
O Pastel ficou para o final da tarde. No nosso caso depois do terço dá Santa
Peregrina. Surge lentamente na estrada do sítio a figura emblemática do senhor
Joaquim Domingues de Oliveira (conhecido como Joaquim Sulino), com seus noventa
anos, com a santa nas mãos em procissão. Um amigo sussurra, tão perto de São
Paulo, e tão distante. Reza, café, chá de gengibre e amendoim. Um belo dia.
Pronto o Pastel Caipira, frite o pastel no óleo não muito quente, apenas
quente. Foi um dia destes que vai ficar na memória
Prof. Marcos Roberto Bueno Martinez
Muito bom ler assim,uma receita "apimentada de cotidiano"...Não tem como nao chegar ao "rodapé"
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