Quem já não levantou com vontade de organizar a vida
começando pelas coisas guardadas nos armários e caixas amareladas? Outro dia
amanheci com está vontade, louca de arrumação.
Muitas vezes, guardamos coisas que não vamos usar, até sabemos que não
vamos usar, mais sempre depositamos estas coisas em algum lugar, penso que pra
dizer que aqueles papéis com anotações ou não, fotos, livros e outros objetos
fazem parte da nossa vida. É como se dissemos pra nós mesmos, temos uma
História a contar. Também pode ser que guardamos coisas com a certeza, de que se
perdermos o fio da miada nesta vida, podemos retomá-la com essas lembranças.
Comecei a reorganização da bagunça, com as folhas que estavam sobre mesa e outras tantas enfiadas nas gavetas, com anotações e números de celulares, que nem lembro a quem pertence. Como gastamos papel? Ali, muitas folhas de caderno e de sulfite em branco, esperando alguma informação que nunca chegou. Em algumas anotações, nomes escritos que deixaram muita saudade, relacionamentos construídos na amizade e no companheirismo. Outros nomes ali registrados não fariam falta alguma se fossem esquecidos, amigos do poder. O almoço marcado, o encontro agendado que não aconteceu. Como foi difícil desfazer destes papéis, alguns há tempos amarelado. Como é difícil desfazer do passado. Ao esmagar cada folha, uma vontade de ler de novo, é guardá-las. As folhas em branco, a vontade de escrever alguma coisa... No último papel jogado, escrito uma frase de uma amiga do tempo de escola: “Sempre quando nós nos encontrávamos você me perguntava: como está"?
Como as fotos são reveladoras, “amigos” com um sorriso de
canto e sorrateiro, querendo sair no retrato.
Muitos! As escolas inauguradas e a alegria da comunidade e das
professoras e funcionárias, com aquele novo espaço. As fotos têm este poder de
registrar sentimentos. Os livros muitos lidos e tantos outros esperando para
serem lidos, retomei a leitura do Ensaio sobre a cegueira do escritor José
Saramago, e já terminei. Um livro revelador, no trato da crueldade humana
diante de situações de estresse social, mais também esperançoso, apontando
caminhos para criarmos coletivamente uma vida melhor. No meio da limpeza, uma
pausa, um reencontro com Umberto Eco, sobre a História da Feiura com afrescos
maravilhosos. Leitura em andamento. Ganhei de aniversário, Humano, Demasiado,
Humano do pensador, Friedrich Nietzsche, presente compensado e com os “espíritos
livres”. Quase tudo organizado, e a vida continua... Só não gosto que mexam na
minha desorganização, tão organizada. Ah, os livros também são reveladores.
Para finalizar muita coisa jogada no lixo retornaram as caixas amareladas.
Prof. Marcos Roberto Bueno Martinez.
E assim,segue nossa vida,num eterno organizar-desorganizar....Cada papelzinho,cada foto,cada número,cada nome,tudo pedacinho da gente,nos construindo e desconstruindo...sempre!
ResponderExcluirPode parecer coincidência, mas nestes ultimas dias também venho fazendo uma faxina. Ah quantos guardados... Papeis que me levam a um tempo mas só tem uma unica linha, e textos que não me lembram nada.Desço caixas e mais caixas, começo a separar o que pode ser reciclados, doados e queimados, pois a lembranças que é bom guardar no vento. E a cada separação em vários momentos brotam lagrimas nos cantos dos olhos, umas descem outras secam ali mesmo, saudades, saudades, saudades! Derrepente gargalhadas estéricas, doe a barriga e logo penso: "como será que fiz isso? Que usei isso? Eu não acredito! Era eu mesma?" Risos, risos, risos! ao fim de tudo percebo, não foi só as bagunças que reorganizei que melhorou tudo a minha volta, mas limpei o mais importante, lavei a minha alma. Agora estou pronta para receber e guardar outras coisas, momentos e pessoas, já tenho caixas vazias, guarda-roupas com espaço, estou coração aberto.
ResponderExcluirProfessor Marcos Roberto, sua publicação seguirá adiante, ha la fora, muitos tentando recomeçar, então porque não começar faxinando suas lembranças. Um grande abraço
Cotia, 04 de julho de 2013
Beatriz C. Cavalcante Galvão