Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

CORRUPÇÃO CARA-PÁLIDA


Quando o assunto é corrupção temos sempre alguém a acusar (com o dedo em riste). Políticos! São todos corruptos. Conclusão rápida e certeira.Nem pestanejamos na afirmação. Talvez esteja aí a causa maior da nossa frustração, principalmente quando termina tudo em... A dor maior dessa frustração é quando descobrimos que os políticos não são os únicos corruptos. É mais fácil acreditar que eles são os únicos. Assim evitamos olhar para o nosso próprio umbigo. Ilusão de ótica.

Se só os políticos fossem corruptos seria tão fácil resolver. Votar nulo? Também não resolveria. Talvez votar com critérios e objetivos de interesse coletivo. Talvez? É sempre bom lembrar: os políticos nascem no seio da sociedade. Tornam-se corpos estranhos na sociedade depois de eleitos. Distanciam muito da realidade de onde nasceram. Distanciam muito! Aprendem muito rapidamente a realidade do mundo da política. Dissimulações! Mentiras!Promessas!Poder! Status quo! Aprendem muito rápido a jogar a responsabilidade da sua irresponsabilidade nas costas dos outros (nessa história de empurrar responsabilidade aos outros nem Jesus Cristo e Deus escapam). Desalentador. Desanimador.

A eficácia da informação e da desinformação em relação à corrupção é tão difusa que ficamos abobalhados. Quem são os corruptos? Quem são os corruptores? Obscuro! Aquele alguém que é a bola da vez na denúncia é somente o ponto do iceberg. Muitos denunciantes são tão ou mais corruptos que os acusados. Infelizmente! Mas, nem tudo está perdido, há investigações sérias. Nem tudo termina em pizza. Mesmo assim, a sensação de impunidade é muito grande. Desesperança.

Vamos tirar o foco dos políticos e trazer pra nós. Nosso dia a dia. Ações muitas vezes ingênuas do nosso cotidiano e que passam despercebidas. Que forma e molda a cultura do jeitinho. Sem distinção de classe social (ricos e pobres). Nessa hora é tão bom ter um padrinho político. Padrinho para quebrar um galho em relação àquilo que é um direito transforma-se em favor. A venda do voto. O emprego prometido.Corruptores e corruptos ambos andam de mãos dadas. Não nascem no parlamento. São educados nos ninhos da nossa casa. Os olhos que saltam à avaliação do amiguinho de escola. Caixinha para o guarda quebrar um galho da infração de trânsito cometida. Pequenos gestos. Pequenos gestos de desonestidade.  

O jeito de lidarmos com a corrupção nunca se resolverá. Não tenha a ilusão que ela acabe. Amenizar é possível.É sempre o outro. Só o outro? Se possível bem distante da gente. Como podemos mudar assim? A solução está aqui perto da gente. Bem pertinho. Educação familiar e escolar é um caminho. Mudança de cultura.

Ingenuidade é acreditar que corrupção é invenção deste ou de outro partido político. Eles aprimoraram! Invenção deste ou outro País. Nasceu no seio da sociedade. Gestos simples. Outro dia alguém devolveu a carteira esquecida no carro. Alguém procurou outro que perdeu envelope recheado de dinheiro. Quantos de nós falamos de peito cheio: que cara trouxa, eu não devolveria. Tantos outros devolveriam sem mexer em um tostão. A esperança existe.

Um educador mostrou um caminho outro dia no seu comentário: a escola que eu trabalho esta questão da corrupção não é aceita por esses novos jovens. A possibilidade de mudar esse defeito do DNA é grande. Olha a esperança outra vez.



terça-feira, 20 de maio de 2014

EU VOU TORCER PELA SELEÇÃO BRASILEIRA



Penso que estas manifestações contra a Copa do Mundo têm alguma coisa de medo de que o Brasil, com seu time, não consiga sagrar-se campeão (estamos criando um antídoto por um possível fracasso). Penso que essa torcida contra quase funciona como uma defesa para que, depois do evento,possamos dizer o profetizado: eu não disse que não ia dar certo! Gastaram milhões e não fomos campeões. E a educação, saúde e o transporte estão horríveis. Agora, o que vão fazer com esses estádios com jeito de elefante branco? E, se ainda não bastasse,há o superfaturamento das obras (assim dizem).

Não tenho muita certeza, mas a Copa do Mundo de 50 ainda atormenta o nosso brio de Nação fracassada (tínhamos tudo para ser campeões).Como dói quando perdemos um título e percebemos, muitas vezes, que aquilo que motivou a derrota foi nosso complexo de vira-lata. Do outro lado do mundo eles são melhores do que nós (pensamos assim)? Aqui nada dá certo tudo termina em pizza, não é bem assim! Eles são brancos de olhos azuis e bem-educados e bem-nascidos. E nós o que somos?Ora, somos um povo que trazemos no DNA a mistura de culturas de todo canto do mundo. Na verdade, andamos com a autoestima tão baixa que até esquecemos que já fomos cinco vezes campeões do mundo (risos).
Como a moeda tem os dois lados (obviedade), não podemos achar que as manifestações só acontecem porque por causa de um bando de arruaceiros. Liberdade de manifestação é um direito constitucional. Agora, quebra-quebra e violência não dá para aceitar. Algumas reivindicações são legítimas. Pode até existir o complexo de vira-lata, mas, também, a insatisfação é muito grande com os políticos que prometem e não cumprem suas promessas. Existe uma desesperança forte no ar.

Não vejo nem um problema com os vários grupos irem para a rua durante a Copa do Mundo, para mostrar suas insatisfações com as políticas públicas que jogam contra o povo (os caras do poder estão brincando com a nossa cara). Mesmo assim, vou torcer pelo Brasil! Vou usar as cores da bandeira brasileira, organizar aquele churrasquinho nos dias de jogo da seleção. Como diz um amigo fanático por futebol: não confundam as coisas (quero gritar gol!!!!!!consciente que temos que gostar de futebol sem ficarmos alheios às questões políticas). Não vamos confundir alhos com bugalhos.

As mudanças que precisamos realizar serão nas urnas, meses depois da copa. Eleições! Não peça para que eu não torça pela delegação brasileira (a cada jogo e a cada vitória elevamos a nossa autoestima). Não vou dar esse gostinho para os políticos, colocando-os em evidência. Pensa comigo,essa coisa de manifestação mostra que estamos acordados com o que estão fazendo com o país. Eu tenho orgulho das manifestações e da seleção, só assim podemos mostrar que não somos carneirinhos como dizem alguns por aí. A cada gol e a cada manifestação vamos deixando para trás esse complexo de vira-lata de lado. 

Um comportamento que não acho legal é vaiar as autoridades (falta de educação e hipocrisia). Pensa comigo, critica-se o governo, e com razão. Agora, todos os ingressos que foram colocados à venda esgotaram em algumas horas (o preço dos ingressos não sai por menos do que um salário-mínimo, poucos brasileiros poderão assistir aos jogos nos belos campos). Vaiar por quê? Faça o seguinte: confeccione um cartaz e expresse sua indignação. Penso que, assim, o impacto é bem maior.

Crítica pessimista de que não temos competência para organizar a copa é descabida (olha o complexo de inferioridade de novo). E só olhar para a Copa das Confederações: foi um sucesso e ainda nos sagramos campeões.

Esse complexo de vira-lata é tão enraizado que um amigo, que sofre desse mal, acha que tudo que vem de fora do país é melhor. Este ano trouxe um tênis de presente, de Miami,quando abri a caixa e corri os olhos pelo tênis, para curtir a beleza daquele presente com um designer futurista, na etiqueta denunciava que o sapato tinha sido fabricado no Brasil (Made in Brasil- risos).

Tem muita gente que vai trabalhar neste período e muitos empresários vão aumentar seus lucros. Milhares de pessoas serão empregadas. Isso é ruim? A Copa do Mundo não é tão ruim assim. Se fosse não teria tantos países concorrendo para sediar esse evento.Teria?

Tanto falatório de desvio de recursos e superfaturamento das obras da Copa, ainda não vi nenhuma manifestação do Ministério Público nesse sentindo. Quais os interesses, nas entrelinhas, daqueles que tanto falam?


Ah! Eu vou torcer pelo Brasil, sim! Sem perder de vista que precisamos atuar com maior objetividade nas questões políticas do Brasil Verde-Amarelo. Sabe de outra coisa, esqueçam-sede denunciar a verba que já existe nos orçamentos para educação,saúde, segurança e transporte e que não chegaram aos seus lugares por incompetências administrativas. Quero estufar o peito e gritar é Hexa!!!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

VOCÊ TEM VERGONHA DA SUA FAMÍLIA?



Um pai, junto com a mãe, passeia alegremente em um espaço de compras, encontra o filho, vão para o abraço como se há muito tempo não se vissem. Com aquele sorriso estampado no rosto (imagina a cena). São ignorados! Rejeitados pelo filho que há pouco tempo tinha dividido uma farta mesa no café da manhã. Imaginem a vergonha dos pais! O filho sai apressadamente e se distancia a passos largos com profunda vergonha dos pais que tem (Pedro negou Jesus três vezes). A tristeza toma conta daquele casal que fica marcado em cada traço do rosto com aquela atitude de rejeição. Não existe arma pior do que a rejeição. Dói muito! Imagine vindo de um filho. Fica aquela sensação amarga na boca de que você é um nada.Onde erramos? Talvez a primeira pergunta para entender o porquê daquela hostilidade. Onde erramos? Nas entrelinhas da pergunta o sentimento de culpa. Talvez o primeiro erro esteja aí! Culpa do quê?

Murmura para a companheira: fizemos de tudo para criá-lo com decência. Abrimos mão dos nossos sonhos. A melhor escola. Os melhores brinquedos.Tudo de melhor!Fingiu que não estava nos vendo. Fingiu que não nos conhecia.Estranhos para ele. Fica um sentimento de humilhação.Quem é este nosso filho?Depois da porrada na boca do estômago resta a reflexão. Talvez nos esquecemos de ensinar valores? A não firmeza do não que, em milésimo de instante, se transformava em sim. Medo de magoá-lo. Sempre cedemos à chantagem emocional, rapidamente,com medo de perdê-lo. Ora, perder por quê? Simbolicamente, recebemos um tapa na cara. Como é difícil apanhar de quem você ama. Imaginem que depois vão se encontrar. Constrangimento.


O primeiro olhar entre filho e pais depois da rejeição em público (medo do que pode acontecer). Como será? Só de pensar me deixa uma angústia... O pior vai ser a justificativa. Pior, ainda, se ele resolver contar porque tem vergonha dos pais. Será que não acompanhamos a evolução tecnológica? Será que a linguagem é tão diferente assim? Onde erramos? Será que ele tem vergonha de falar para os amigos que somos gente de profissão simples?Criamos todos os filhos do mesmo jeito, só esse saiu dessa maneira. Nem os dedos das mãos são iguais. Ilusão dos filhos que querem esconder sua origem - um dia ela aparece. Será que não temos os bons costumes desta classe emergente que apareceu nos últimos tempos?Muito consumo, ostentação. Qual a ética desse relacionamento? Você tem vergonha da sua família? Onde erramos? Conclusão: não conhecemos nosso filho.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

SERÁ QUE TODA MÃE É EXAGERADA?


Será que toda mãe é exagerada?  Quando o rebento aqui veio ao mundo quase raquítico e com bronquite de tirar o sono e o fôlego, mamãe saiu atrás das benzedeiras da cidade para ensinar-lhe uma simpatia, primeiro para solucionar a bronquite e, depois, com o raquitismo, dois vidros de cálcio e muita comida. Será exagero? Não, é amor! Outro dia perguntei sobre as simpatias, foram mais de dez, agora eu posso contar, mas manteve como segredo todo esse tempo com medo que a bronquite voltasse. Será que foi exagero guardar esse segredo por tanto tempo? Não foi exagero! Mãe protege seus filhos com unhas e dentes. Não tem essa coisa de exagero com as mães, elas amam incondicionalmente.   
Mesmo o amor de mãe sendo incondicional penso que, às vezes, elas são exageradas. Quem já ouviu uma mãe publicamente dizer que seu filho ou filha é feio(a)? Nunca ouvimos! E quando diz é com gesto carregado de carinho e proteção. Diz delicadamente... tão delicadamente que as palavras feia e feio ficam lindas de se ouvir. “Coisinha feia da mamãe”. Não é exagero! E sim uma forma de dizer que ela será uma companheira para sempre em todas as circunstâncias, exageradamente.  
Quando batemos à porta de casa, uma voz acompanhada com eco percorre a casa e alerta de que o tempo está frio e a frase ecoa como proteção: não se esqueça da blusa de frio, meu filho. Olha, não esqueça o guarda-chuva (não se nota nem tempo de chuva). Filho! O lanche está na mochila. Como este “meu filho”, dito com firmeza e amor, acalenta nossos caminhos. Saímos de casa que a certeza de que estamos bem acompanhados. Será que mãe é realmente exagerada? Nada de exageradas! Elas enxergam o futuro...

Quantas noites elas passam do seu lado para cuidar para que a febre não volte. Quantas vezes ela levanta pisando o chão como uma pluma para sentir se seu rebento está respirando. Exagero? Apenas amor. E aquelas que, não contentes de sentir a respiração com um palmo apenas de distância do filho, aproximam-se para tocar a mão no peito como um beija-flor para sentir a pulsação do coração (tenho certeza que você já fez isso, mãe). Nem um pouco exageradas. Apenas, mãe. Existem mães de todo quanto é jeito: mãe-avó, mãe-tia, mãe-vizinha... mãe-de-coração. Sabe de uma coisa, tem Mãe que é mãe sem ter filhos. Conheço um monte delas que atuam solidariamente em abrigos. Inexplicável essa coisa de ser mãe. Talvez o único sentimento possível de explicar, neste momento, exageradas, de forma alguma.