Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

VOCÊ TEM VERGONHA DA SUA FAMÍLIA?



Um pai, junto com a mãe, passeia alegremente em um espaço de compras, encontra o filho, vão para o abraço como se há muito tempo não se vissem. Com aquele sorriso estampado no rosto (imagina a cena). São ignorados! Rejeitados pelo filho que há pouco tempo tinha dividido uma farta mesa no café da manhã. Imaginem a vergonha dos pais! O filho sai apressadamente e se distancia a passos largos com profunda vergonha dos pais que tem (Pedro negou Jesus três vezes). A tristeza toma conta daquele casal que fica marcado em cada traço do rosto com aquela atitude de rejeição. Não existe arma pior do que a rejeição. Dói muito! Imagine vindo de um filho. Fica aquela sensação amarga na boca de que você é um nada.Onde erramos? Talvez a primeira pergunta para entender o porquê daquela hostilidade. Onde erramos? Nas entrelinhas da pergunta o sentimento de culpa. Talvez o primeiro erro esteja aí! Culpa do quê?

Murmura para a companheira: fizemos de tudo para criá-lo com decência. Abrimos mão dos nossos sonhos. A melhor escola. Os melhores brinquedos.Tudo de melhor!Fingiu que não estava nos vendo. Fingiu que não nos conhecia.Estranhos para ele. Fica um sentimento de humilhação.Quem é este nosso filho?Depois da porrada na boca do estômago resta a reflexão. Talvez nos esquecemos de ensinar valores? A não firmeza do não que, em milésimo de instante, se transformava em sim. Medo de magoá-lo. Sempre cedemos à chantagem emocional, rapidamente,com medo de perdê-lo. Ora, perder por quê? Simbolicamente, recebemos um tapa na cara. Como é difícil apanhar de quem você ama. Imaginem que depois vão se encontrar. Constrangimento.


O primeiro olhar entre filho e pais depois da rejeição em público (medo do que pode acontecer). Como será? Só de pensar me deixa uma angústia... O pior vai ser a justificativa. Pior, ainda, se ele resolver contar porque tem vergonha dos pais. Será que não acompanhamos a evolução tecnológica? Será que a linguagem é tão diferente assim? Onde erramos? Será que ele tem vergonha de falar para os amigos que somos gente de profissão simples?Criamos todos os filhos do mesmo jeito, só esse saiu dessa maneira. Nem os dedos das mãos são iguais. Ilusão dos filhos que querem esconder sua origem - um dia ela aparece. Será que não temos os bons costumes desta classe emergente que apareceu nos últimos tempos?Muito consumo, ostentação. Qual a ética desse relacionamento? Você tem vergonha da sua família? Onde erramos? Conclusão: não conhecemos nosso filho.

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