Um pai, junto com a mãe,
passeia alegremente em um espaço de compras, encontra o filho, vão para o
abraço como se há muito tempo não se vissem. Com aquele sorriso estampado no
rosto (imagina a cena). São ignorados! Rejeitados pelo filho que há pouco tempo
tinha dividido uma farta mesa no café da manhã. Imaginem a vergonha dos pais! O
filho sai apressadamente e se distancia a passos largos com profunda vergonha
dos pais que tem (Pedro negou Jesus três vezes). A tristeza toma conta daquele
casal que fica marcado em cada traço do rosto com aquela atitude de rejeição. Não
existe arma pior do que a rejeição. Dói muito! Imagine vindo de um filho. Fica
aquela sensação amarga na boca de que você é um nada.Onde erramos? Talvez a
primeira pergunta para entender o porquê daquela hostilidade. Onde erramos? Nas
entrelinhas da pergunta o sentimento de culpa. Talvez o primeiro erro esteja
aí! Culpa do quê?
Murmura para a
companheira: fizemos de tudo para criá-lo
com decência. Abrimos mão dos nossos
sonhos. A melhor escola. Os melhores
brinquedos.Tudo de melhor!Fingiu que não estava nos vendo. Fingiu que não nos conhecia.Estranhos para
ele. Fica um sentimento de
humilhação.Quem é este nosso filho?Depois da porrada
na boca do estômago resta a reflexão. Talvez nos esquecemos de ensinar valores?
A não firmeza do não que, em milésimo de instante, se transformava em sim. Medo
de magoá-lo. Sempre cedemos à chantagem emocional, rapidamente,com medo de
perdê-lo. Ora, perder por quê? Simbolicamente, recebemos um tapa na cara. Como
é difícil apanhar de quem você ama. Imaginem que depois vão se encontrar.
Constrangimento.
O primeiro olhar entre
filho e pais depois da rejeição em público (medo do que pode acontecer). Como
será? Só de pensar me deixa uma angústia... O pior vai ser a justificativa.
Pior, ainda, se ele resolver contar porque tem vergonha dos pais. Será que não
acompanhamos a evolução tecnológica? Será que a linguagem é tão diferente assim?
Onde erramos? Será que ele tem vergonha de falar para os amigos que somos gente
de profissão simples?Criamos todos os filhos do mesmo jeito, só esse saiu dessa
maneira. Nem os dedos das mãos são iguais. Ilusão dos filhos que querem
esconder sua origem - um dia ela aparece. Será que não temos os bons costumes
desta classe emergente que apareceu nos últimos tempos?Muito consumo,
ostentação. Qual a ética desse relacionamento? Você tem vergonha da sua
família? Onde erramos? Conclusão: não conhecemos nosso filho.
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