Quando o assunto é corrupção temos sempre alguém a
acusar (com o dedo em riste). Políticos! São todos corruptos. Conclusão rápida
e certeira.Nem pestanejamos na afirmação. Talvez esteja aí a causa maior da
nossa frustração, principalmente quando termina tudo em... A dor maior dessa
frustração é quando descobrimos que os políticos não são os únicos corruptos. É
mais fácil acreditar que eles são os únicos. Assim evitamos olhar para o nosso
próprio umbigo. Ilusão de ótica.
Se só os políticos fossem corruptos seria tão fácil
resolver. Votar nulo? Também não resolveria. Talvez votar com critérios e
objetivos de interesse coletivo. Talvez? É sempre bom lembrar: os políticos
nascem no seio da sociedade. Tornam-se corpos estranhos na sociedade depois de
eleitos. Distanciam muito da realidade de onde nasceram. Distanciam muito! Aprendem
muito rapidamente a realidade do mundo da política. Dissimulações!
Mentiras!Promessas!Poder! Status quo!
Aprendem muito rápido a jogar a responsabilidade da sua irresponsabilidade nas
costas dos outros (nessa história de empurrar responsabilidade aos outros nem
Jesus Cristo e Deus escapam). Desalentador. Desanimador.
A eficácia da informação e da desinformação em
relação à corrupção é tão difusa que ficamos abobalhados. Quem são os corruptos?
Quem são os corruptores? Obscuro! Aquele alguém que é a bola da vez na denúncia
é somente o ponto do iceberg. Muitos
denunciantes são tão ou mais corruptos que os acusados. Infelizmente! Mas, nem
tudo está perdido, há investigações sérias. Nem tudo termina em pizza. Mesmo assim, a sensação de
impunidade é muito grande. Desesperança.
Vamos tirar o foco dos políticos e trazer pra nós.
Nosso dia a dia. Ações muitas vezes ingênuas do nosso cotidiano e que passam
despercebidas. Que forma e molda a cultura do jeitinho. Sem distinção de classe
social (ricos e pobres). Nessa hora é tão bom ter um padrinho político.
Padrinho para quebrar um galho em relação àquilo que é um direito transforma-se
em favor. A venda do voto. O emprego prometido.Corruptores e corruptos ambos
andam de mãos dadas. Não nascem no parlamento. São educados nos ninhos da nossa
casa. Os olhos que saltam à avaliação do amiguinho de escola. Caixinha para o
guarda quebrar um galho da infração de trânsito cometida. Pequenos gestos.
Pequenos gestos de desonestidade.
O jeito de lidarmos com a corrupção nunca se
resolverá. Não tenha a ilusão que ela acabe. Amenizar é possível.É sempre o outro.
Só o outro? Se possível bem distante da gente. Como podemos mudar assim? A
solução está aqui perto da gente. Bem pertinho. Educação familiar e escolar é
um caminho. Mudança de cultura.
Ingenuidade é acreditar que corrupção é invenção deste ou de outro partido político. Eles aprimoraram! Invenção
deste ou outro País. Nasceu no seio da sociedade. Gestos simples. Outro dia
alguém devolveu a carteira esquecida no carro. Alguém procurou outro que perdeu envelope
recheado de dinheiro. Quantos de nós falamos de peito cheio: que cara trouxa,
eu não devolveria. Tantos outros devolveriam sem mexer em um tostão. A
esperança existe.
Um educador mostrou um caminho outro dia no seu
comentário: a escola que eu trabalho esta questão da corrupção não é aceita por
esses novos jovens. A possibilidade de mudar esse defeito do DNA é grande. Olha
a esperança outra vez.
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