Não é fácil ser filho único.
Pense que nunca terá um irmão para brigar. Nunca terá um irmão para dividir as
dúvidas. Nunca terá um irmão para chantageá-lo. Nunca poderá aprontar uma arte
de crianças e jogar a culpa no seu irmão. Nunca terá um irmão para juntos
pregarem peças nos amigos. Não terá um irmão para protegê-lo daquele cara que
ameaça lhe dar uma surra depois das aulas. Neste caso terá que se livrar
sozinho do grandalhão. Solidão. Sua mãe sempre o tratará como um indefeso
diante do mundo. Vai mimá-lo.
Quase todo filho único que
conheço não gostaria de ser. Sonha com outras possibilidades. Primeiro,
gostaria de ter muitos irmãos. Segundo, gostaria de ter nascido depois do
primogênito. Quando a namorada pergunta se tem outros irmãos, ao responder,
vacila: “- O que ela pensará ao ouvir que sou filho único?” Tenho amigas que
não namoram de jeito nenhum homens que sejam filhos únicos - quase todo filho
único cria uma dependência emocional além da normalidade com sua mãe e são
poucas as noras que suportam esta concorrência. Insuportável! Uma concorrência
impossível.
Quem se casar com um filho único,
dificilmente se livrará da mãe. Alguns desejam encontrar na mulher amada
atributos de sua mãe. Querem alguém que mantenha seus caprichos, que durante
anos foram alimentados pela mamãe. Ser filho único não é fácil. Não é fácil ser
mulher de um filho único. Tem que amá-lo exageradamente e dividi-lo com a
sogra. Filhos únicos são amáveis. Sensíveis. Dengosos. Carentes. Querem receber
carinho a todo tempo. Sufocam! Talvez a exigência por atenção não seja só de
quem é filho único, mas não tenha dúvida que, quando o filho único casar,
levará a mãe na bagagem. Aqueles que não levarem a mãe na mala levarão na alma.
As noras que se preparem...
Mas também tem o lado bom: filhos
únicos também sabem retribuir um carinho, sabem retribuir um dengo. Sabem
retribuir um mimo. São eternos solitários, mas são parceiros. Querem calor
humano. Quem não quer?
É muito bom ser filho único...
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