Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

MEMÓRIA.

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Hoje bem de manha lembrei-me da primeira vez que vi o mar. Menino do interior acostumado à vez mares de cafezais, na descida da Serra quando avistei o azul do mar distante ainda dos meus pés gritei: - Tio Didio (Narciso) que cafezal grande! Do seu jeito respondei: - Marcos, não é um cafezal é o Mar! Depois desta apresentação a distancia do Mar até chegar o momento de  encontra-lo foi uma eternidade...   


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

ALUNOS OCUPAM A ESCOLA PEQUENO COTOLENGO EM COTIA



A Escola Pequeno Cotolengo, em Cotia, está entre as que fecharão suas portas aos alunos da comunidade no próximo ano. O Governo do Estado de São Paulo está irredutível no sentido de abrir mão do Projeto de Reorganização das Escolas, mesmo das que foram ocupadas pelos alunos. Enquanto o Governo investe na racionalidade do projeto, os alunos se apegam aos sentimentos. Apegam-se ao afeto pelo espaço escolar que faz parte das suas vidas. Talvez seja este fator sentimental importante que o governo não tenha percebido. 


O que diferencia a Escola Pequeno Cotolengo das outras que o Governo deseja fechar é que ela está ligada à instituição religiosa Dom Orione. O prédio pertence à instituição. O Estado paga o aluguel. O Estado pensa com o bolso e os alunos, ex-alunos e professores pensam com o coração. O rolo compressor do Projeto de Reorganização não considera a memória e o afeto da comunidade pelo seu espaço escolar. Um erro gravíssimo. Foram pegos de surpresa.


Um apelo de quem foi professor desta escola na década de noventa é que o Governo abra o diálogo com a comunidade escolar para uma possível solução em relação a este fechamento. É uma oportunidade para o Governo do Estado tirar a pecha de insensível às questões da Educação. O argumento de afeto e sentimento pode parecer ingênuo. Pode parecer babaquice, mas este movimento de ocupação das escolas pelos alunos é positivo demais. Mostra que as pessoas gostam da escola e tem apego.  


Os alunos especiais do Cotolengo vão estudar em que lugar?  Em outra escola? Como fica a mobilidade destes alunos? São coisas que precisam ser conversadas. São dúvidas que precisam ser tiradas. É preciso dialogar. Mais uma vez o Governo do Estado implanta um projeto goela abaixo das comunidades escolares e enfrenta resistência por falta de diálogo. Solidarizo-me aos alunos, pais, funcionários e professores da Escola Pequeno Cotolengo. 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

PAPAI NOEL EXISTE?



Fui surpreendido com uma pergunta da Maria Karolina sobre a existência do Papai Noel. Na lata e sem rodeio, Maria perguntou: Papai Noel existe? Gaguejei. Enfaticamente Karolina perguntou novamente: Papai Noel existe? Respondi com certa insegurança. É uma lenda, uma fantasia. A terceira opção para responder a pergunta de Maria foi pior que as anteriores: Papai Noel é fantasia, mas ele existe. Vergonhoso. Ela resmungou e mostrou completa insatisfação com as respostas dadas. Agora, imagina a confusão que provoquei na cabeça da menina.
Ficou uma lição: não fale sobre assunto que você não tem informação.

Aos incrédulos: Papai Noel existiu de verdade! Papai Noel era turco. Papai Noel foi Arcebispo, em 280 d.C. Papai Noel era caridoso. Distribuía moedas para os pobres e as depositava em saquinhos próximos às chaminés. Está aliviado em saber que Papai Noel não é uma mentira? As informações da sua existência não param por aí.  O Arcebispo Nicolau, pela sua bondade e milagres, após sua morte se tornou Santo. São Nicolau.  

É só no final do século XIX, na Alemanha, que São Nicolau ganha a roupagem de Papai Noel. Neste período sua vestimenta de inverno era marrom e verde escura, completamente diferente de hoje.
Papai Noel é global. Na Alemanha ele recebe o nome de Kris Kringle – criança de Cristo. Na Suécia é chamado de Jultomten. Na Holanda ele é chamado de Kerstmaan. Na Finlândia de Joulupukki. Diferente, né? Na França Papai Noel recebe o nome de Père Noël, na Espanha, de Papá Noel. Até no Japão tem Papai Noel. Lá ele é chamado de Jizo. Na Itália de Babbo Natale. Na Inglaterra Papai Noel se pronuncia assim: Father Christmas e nos Estados Unidos é Santa Claus. Na Rússia ele é Grandfather Frost.

Tem adulto que gosta de desconstruir a imagem do Papai Noel, dizendo aos seus filhos que ele nunca existiu. Não minta para seu filho. Há aqueles que impiedosamente acusam-no de ser representante do capitalismo selvagem. Bobagem! No mínimo, a imaginação aduba o cérebro dos pequenos.

Com o tempo a criança vai distinguindo o que é real e fantasia. Foi assim com a gente, apesar de que Papai Noel existe. Não subestime a inteligência dos seus, dos nossos filhos. Com o tempo eles descobrirão que o presente que ganhavam no final de cada ano era comprado pelo Papai Noel de carne e osso. O importante é que ele viveu esta fantasia. Se radicalizarmos nossa posição negando a existência dele, estaremos negando às nossas crianças os contos de fadas e heróis que quase todo mundo teve na vida.

Papai Noel é o intermediário que estabelece um laço de afeto entre pais e filhos. É serio. Papai Noel é pai de quem não tem pai. Então, ele não pode ser tão ruim assim para a formação emocional dos nossos filhos. Papai Noel ensina. Abre a possibilidade que você seja caridoso pelo menos uma vez por ano. Não me diga que você nunca pegou um kit de uma instituição de crianças que só têm o Papai Noel para presenteá-las?


Para terminar, esse jeitão de Papai Noel que conhecemos hoje ganhou vida na década de quarenta, em uma propaganda da Coca Cola. Inclusive a roupa vermelha. Pergunto eu, que culpa tem Papai Noel? Ele é uma figura que está acima de qualquer ideologia. E por falar em ideologia... eu quero uma para viver. Boas festas e fantasias!  

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

SER GORDO NÃO É FACIL, MAS É BOM DEMAIS!


Gordo passa uma boa parte da vida fazendo regime.  Gordo esbanja alegria. Gordo tem uma paciência de elefante, pois sempre tem um chato querendo lhe oferecer um regime. Regimes absurdos! Gordo quer é comer bem... nada de regime.   

Ora, sempre tem alguém para lembrar de que ele está gordo. “Nossa como você engordou!” “Você não tinha emagrecido?” Tortura!  Alguns pensam que gordo é sinônimo de doença. Sempre aparece um chato a lhe dar uma receita de remédio. “- Tenho uma receita que...” Pior quando o chato de galocha diz: “- Tinha um amigo gordo igual a você que morreu de infarto.” E ainda enfatiza que você precisa emagrecer. Pergunta idiota não falta: “- Porque engordou tanto?” Ou observações óbvias: “- Você come muito.” Resta dizer: ser gordo é um estado de espírito.

 Esse “nossa, como você engordou” dói na alma. O gordo se matando, fazendo aquele regime severo com poucas calorias e ter que ouvir que engordou! Tem gente que não tem desconfiômetro.  Quando o gordo ouve esta frase ele fica a um passo da depressão. Tristeza total.

O gordo, quando faz regime, fica triste demais, perde a graça. Fica irritado com qualquer coisa. Olha para a comida e os olhos brilham. Come com os olhos. Depois o cheiro e depois o gosto. Come com prazer. O prazer em saborear uma comida é tão intenso que quem está em volta acaba sendo reduzido e em alguns casos abduzido. Risos.

Mas, ao contrário do que pensam alguns, gordo é só alegria. Gordo exagera até no sorriso. Exagera no amor. Exagera na carência. Penso que o gordo quer chamar a atenção pelo tamanho. Quer ser notado. Um carente de carteirinha.

Cada um tem seu jeito de chamar atenção, mostrar que está presente. Que existe! Outra pergunta inconveniente para os gordos: “- Como você faz amor com essa gordura?” Bisbilhoteiro! Não é da sua conta. Gordo é charme. Gordo é vida. O colombiano Fernando Botero enaltece as formas redondas dos gordos. Os renascentistas souberam valorizar os gordos. De uma  coisa não se pode chamar um gordo: anoréxico.

Gordo sofre bulliying: Gordo. Rolha de Poço. Baleia. Elefante e todos os demais animais fortes do ecossistema, incluindo hipopótamo. O gordo esconde seus medos e ansiedade na comida. Outro comentário desagradável é aquele que todo gordo “tem o rosto lindo, mais o corpo...” Gordo é gente como todo mundo e tem seu jeito singular de lidar com seus sentimentos. Gordo é charmoso. Ser gordo é o que é.


Termino este artigo dando muita risada. Muita risada mesmo. Gordo gosta de viver com muito humor. Gordo usa seu tamanho como auto defesa. Um sorriso de gordo para todos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

GENTE, BLICICLETA E O AUTOMOVEL ESTÃO EM PÉ DE GUERRA


Quando comecei a deixar de usar calção e passei a usar calça comprida de tergal, era um sinal que estava me tornando um rapazinho. (Tergal era um pano chique da época.) Arrumar um trabalho era um desejo imenso para quem começava a adolescer em uma cidade pequena do interior de São Paulo. O trabalho, muitas vezes precoce, era uma forma de ascender socialmente. Mais ou menos. Outro desejo depois do trabalho era ter uma bicicleta. Desejo de consumo. Carro era uma realidade ainda muito distante.

Desejo e sonho: trabalho, bicicleta e uma namorada.

Em Votuporanga, onde nasci e morava, tinha estacionamento de bicicletas. Não ria, por favor! Na hora do almoço, quando os operários saiam para almoçar, tinha congestionamento de magrelas. Parecia um formigueiro. Conviviam charretes puxadas por cavalos e bicicletas sem qualquer tipo de conflito. Harmoniosamente. Convivia o urbano com o rural. Convivíamos como gente civilizada. Cada cidadão respeitando a mobilidade do outro.  

Bem diferente dos dias de hoje.

Ter uma bicicleta era sinal de que a vida estava melhorando. O que eu não entendo nos dias de hoje é esta briga maluca entre carros e bicicletas, principalmente nas grandes cidades. Todo dia tem notícia de atropelamento de pedestres ou de ciclistas. Uma guerra. Para estes assassinos de ciclistas e pedestres não importa se mataram, pagam uma fiança e logo estão na rua. A lei diz que este tipo de crime não é culposo... A mobilidade virou um inferno.  

Mobilidade é uma briga antiga.

Imaginem quando Leonardo da Vinci criou o primeiro projeto de uma bicicleta no Período Renascentista? Mesmo não conseguindo colocar seus projetos em funcionamento, muitos críticos de Leonardo o chamaram de maluco com suas invenções. Com certeza maluco! Mas nenhum inventor cria um projeto achando que ele vai matar tanta gente.

Essa raiva de alguns moradores da cidade de São Paulo com a construção das ciclovias mostra como os donos de carros são prepotentes. O meu carro. Meu espaço. Como se o carro fosse o meio de transporte mais antigo do mundo. Até parece que antes do carro não tínhamos nenhuma outra forma de locomoção. Egocentrismo doentio. Egoísmo!   Aos gritos dizem: “- Eles atrapalham o trânsito, que já é uma bagunça.” Outros até dizem que, se o ciclista marcar bobeira, passam por cima. Violência!


Não é possível carros e bicicletas conviverem harmoniosamente?