Quem já não ouviu dizer que as crianças de
antigamente eram bem educadas, não respondiam, eram obedientes, etc. e tal? Quando
comparamos as crianças de ontem com as hoje, não faltam críticas, como a de que
atualmente elas não respeitam os mais velhos. Tolices. Ora, talvez seja difícil
perceber que os tempos são outros. É muito mais fácil falar do passado do que
da nossa realidade atual, mas não se esqueçam de que a educação de tempos atrás
servia muito bem às elites.
Antigamente a família tinha uma formação muito
bem definida. A educação era rígida. Em muitos casos, se os pais não fossem
obedecidos nas suas ordens, os castigos eram a solução. Violência. Se um filho
questionasse uma opinião do pai, o couro do cinto comia solto. Hoje, a família
não tem uma formação tão definida como antes. A mãe “saiu de casa” para entrar
no mercado de trabalho. Hoje tem muitas mães que assumiram o papel de pai. Hoje
tem muitas famílias em que os avós assumiram o papel dos pais, e assim vai.
Ocorreu uma mudança significativa.
Talvez alguns queiram educar as nossas
crianças como fomos educados. Não é possível. Caímos na besteira de dizer que
antigamente aprendia-se mais na escola. Outra tolice. É bom lembrar os incautos
que a educação de antigamente não era para todos. Francamente, a qualidade do
ensino, que está mal, não é culpa dos professores e nem dos alunos. Repito
sempre: falta um projeto de educação que lide com esta questão da educação com
profundidade.
A relação entre criança e família e a escola
não pode continuar de forma vertical e sim passar a ser horizontal. A relação
tem que ser democrática. Como experiência e exemplo, podemos pegar as ocupações
das escolas pelos alunos em São Paulo, contra o Plano de Reorganização. Os
alunos tiveram um sinal que esta relação pode ser diferente e democrática, ao
exigirem o diálogo. Neste caso quem estabelece o respeito é o conhecimento.
Posso estar errado nessa opinião, alguns
colegas continuam achando que educação boa era aquela rígida. Autoritária.
Aquela que os alunos só recebiam informação. Aquela que o aluno era um bom
ouvinte. Quando este aluno não ia bem dentro desta disciplina rígida, era
excluído. As provas com notas azuis e vermelhas eram também uma forma de trabalhar
com a pedagogia do medo. Pressão psicológica. É bem assim: vocês sejam
obedientes ou suas notas podem ser vermelhas. Sejam educadinhos.
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