Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SEM CONTEÚDO


Toda semana escrevo um texto sobre assuntos da minha experiência profissional, às vezes atendo às sugestões de amigos, ou ainda me inspiro em temas que surgem em alguma conversa. Nesta semana resolvi escrever sobre coisa alguma: nada de política, cultura, economia e, principalmente, sobre educação e memória. Esta atitude não é de revolta e nem de inquietação. Simplesmente não quero escrever nada, a não ser o que estou escrevendo agora, neste momento. Por quê tenho que escrever sobre algum assunto? Muitas vezes fico com insônia, pensando sobre o tema que vou desenvolver, como irei atingir o leitor. Penso comigo: “– Será que vou agradar ou desagradar? Será que vou informar ou vou apenas escrever algo do censo comum?”

Imagine um dia em que a gente acorda e não lembra nada do passado e não consegue pensar no que poderia ser o depois. Como se estivesse preso em um compartimento de onde só conseguisse ver o agora. Imaginou? Sem assunto, sem história para contar, sem sonhar ou projetar o futuro. Como uma folha em branco para ser escrita ou reescrita...

Nesta semana não quero escrever nem sobre o carnaval. A sensação é como se estivesse dentro de uma caverna, como aquela do mito de Platão, com a diferença de que lá o homem estava livre para se movimentar.

Como é desagradável ter que escrever quando não se está com vontade de escrever! Ou de ter que fazer qualquer outra coisa sem vontade, sem inspiração. É como se tornar prisioneiro em si próprio, vivendo o conflito entre o dever e o não poder. Tive um conhecido que ficou preso por quase uma década. Ele me dizia que, quando saia da cadeia para ir até o fórum da cidade, ele sentia através das pernas dos transeuntes a sensação de liberdade – ele conseguia ver as pernas das pessoas e ouvir o burburinho através da fresta do chiqueirinho do camburão. Deve ter sido uma loucura e uma experiência única. Nesta semana, então, sem tema, sem assunto e sem conversa. Só o carnaval. Escrever alguma coisa, só na semana depois da folia.

Bem... pensando melhor, não é que saiu alguma coisa interessante?


Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

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