Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

UM NORUEGUÊS DE COTIA*



“São inesquecíveis os momentos quando o Senhor Tore Munck vinha 
nos visitar na Avenida São Camilo. 
Eu ficava muito admirada pela paixão que ele tinha por crianças.” (Isabel Jesenicnik)


Para escrever sobre a passagem do norueguês Tore Albert Munck pela cidade de Cotia, pretendo objetivamente não transformá-lo em um mito, apesar de que muitos funcionários que conviveram com ele durante anos tenham essa visão do empresário criativo e empreendedor. O que pretendo é apresentá-lo como um homem passível de acertos e erros como qualquer outra pessoa. A sua história com a cidade, no final da década de 50, e com a cultura brasileira, irá marcá-lo profundamente. O senhor Albert Munck, em seu tempo de passagem aqui, se tornou um autêntico brasileiro de espírito.




Nessa década, Cotia é uma cidade em que predomina a economia rural, sob a influência da imigração japonesa. Além da agricultura, a economia extrativista de carvoaria também fazia parte deste período. Porém, desde o início do século XX o lugar vem passando por mudanças rumo ao processo de industrialização, começando com o setor de metalurgia. A indústria metalúrgica vai alterar este cenário a partir do final de 50 e o Senhor Albert Munck vai ter um papel importante com a inauguração da sua primeira fábrica, em 1957, em Cotia.

Não podemos esquecer que o chefe do governo brasileiro deste período é o Presidente Juscelino Kubitschek, que coloca em prática a política desenvolvimentista dos “50 anos em 5 anos”, ou seja, o Brasil deveria crescer em cinco anos o equivalente a cinquenta anos com seu plano de governo. O pai do jovem Albert, o senhor Sverre Munck, de olho no mercado mundial, enviou o filho ao Brasil, e a empresa que nascera em 1924 na Noruega, com 1500 dólares, durante duas décadas prosperará e abrirá três empresas com tecnologia de ponta, em Cotia. Os fatores que vão contribuir para este investimento no Brasil e não em outros países da América Latina, são a instabilidade política destes países e a mão de obra brasileira em conta, em relação a outros países do mundo.




O Senhor Albert Munck tinha uma visão incomum em relação a outros empresários. Um problema que ele iria enfrentar era a falta de mão de obra qualificada e, por isso, a Munck abriu em Cotia uma escola profissionalizante que deveria servir a empresa e atender a demanda de outras empresas do setor que vão se implantar na região. Sem dúvida alguma o senhor Tore Albert Munck contribuiu para o desenvolvimento industrial da cidade e da educação. Na escola o Senhor Munck também instalou uma excelente biblioteca. 

In memoriam:
Fica aqui registrada uma singela homenagem ao professor Mário Jordão Kuester, que pertenceu ao quadro de funcionários da Munck, e que gostaria de ver esta história contada.


- Arquivo pessoal do Senhor Fábio Kuester
- Revista Banas nº 121, 13 de dezembro de 1971 
  * O título desse artigo foi retirado de um outro, publicado nessa edição da Revista.
 - Revista Banas 12 de maio de 1975


Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

12 comentários:

  1. Prof Marcão - qdo será escrito o livro da vida deste Cotiano?

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  2. Bom, nao era bem assim, e ele se chamva de Tore, nao Albert

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  3. Marianne Munch, filha de Tore Albert Munch - fiquei muito emocionada com esta apresentacao do nosso pai.Eu tenho muitas boas memorias dos anos em Cotia quando eu era menina antes de voltar a Noruega. Sim, meu pai preferia o Brasil e Cotia apesar de ser bem noruegues. Se alguem escrever sobre o nosso pai, tenho certeza que seus filhos e antigos funcionarios gostariam de contribuir!
    Nao estou conceguindo publicar no perfil abaixo, parece que tenho que publicar no perfil anonimo...

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    1. Existe uma página no Face chamada Munck A Saga ,que conta sobre a fábrica no km 20 da Raposo Tavares

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  4. Parabéns Marcão, a cada dia conheço mais
    a Bela Cidade de Cotia com seus comentários. Me orgulho em tê-lo como amigo.

    Abs.

    Cassio Souto.

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  5. Sou Paulistana, descendência italiana e portuguesa; e, a pessoa que sou, saúde, educação e prosperidade, devo reconhecer que este senhor contribuiu muito. Eu fui munckeira e meus pais, por 30 anos atuaram ao lado desse ser humano simpático e muito humano. Ele era empreendedor sim mas antes do dinheiro ele queria o conforto de cada um de seus colaboradores, minha mãe é quem corria pra resolver tudo todo o tempo; sinto orgulho de ter pertencido à família Munck e esta mesmo faltando uma biografia deste homem que, praticamente, fundou o Parque São George, pois foi graças á fundição do 25 que o bairro tomou forma de bairro e ficou muito próspero.
    Parabéns pela lembrança e homenagem (só estou dando falta é do hino da cidade que não achei em seus posts).
    Abs. Liety Caruso

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  6. Quando aqui chegamos em 1982, saindo de Congonhas, ainda ouvíamos falar muito dele, com sua unidade fabril à beira da Rodovia, onde há alguns anos encontra-se instalado o páteo de veículos para leilão. Realmente, foi uma enorme perda para a cidade e região, não darem continuidade ao projeto de cursos profissionalizantes por ele idealizado e implantado que se não me engano, era sem custo para as centenas de alunos que por lá passaram. Esses são os verdadeiros construtores de um País.

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  7. Gostei de ver esta matéria sobre o senhor Munck. Afinal, desde adolescente quando via aqueles guindastes,que diziam ser brasileiros, eu me interessava. Era muito pouca coisa tecnológica até a década de 1960 que se podia dizer nacional. Eu torcia por meu país, mas infelizmente sempre evoluímos muito devagar!!! E aquelas máquinas potentes, eficientes e criativas me chamavam a atenção. Enfim, um dia vi num jornal que dois criminosos adolescentes haviam atirado no fundador da empresa fabricante das maravilhosas máquinas. Queriam roubar alguns trocados, sem importar com a vida de qualquer um, mesmo que fosse alguém tão grandiosamente dotado de inteligência, preocupação social e bondade, imaginava eu nos meus quinze anos. Nunca mais fiquei sabendo de nada sobre a empresa, o senhor Munck, o futuro da família. Sou de Minas Gerais, de Coromandel, terra de poetas e músicos, como Goiá (Saudade da minha terra) Abel Ferreira(o rei do chorinho) e outros artistas que amam nosso Brasil. Parabéns ao bloger, Marcos Martinez!!! E à cidade de Cotia, tão progressista cidade deste nosso imenso Brasil!!

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  8. Eu o conheci, e tínhamos contatos diretos, pois eu ia até a munck/ tbm na munck TTI fábrica de Ponte rolante/ na fundição da munck no km 25 e no km 30 na Jonsered fábrica de emolumentos agrícolas, e posteriormente na vendas de peças na estrada de Embu n°500
    Infelizmente houve aquela crueldade, que os bandidos fizeram com o Sr. TORE ESVERRI MUNCK, ATÉ HJ TENHO NA MEMÓRIA GRANDE SAUDADES, DE UM TEMPO QUE NÃO VOLTA MAIS, QUE DEUS O ABENÇOE ONDE ESTIVER, ABRAÇOS AOS FILHOS E DESCENDENTES, POIS TIVE O PRAZER, DE CONVIVER MUNTOS DE SUAS LUTAS PARA O PROGRESSO DO BRASIL, ABRAÇOS TBM AOS EX.COLABORADORES TRABALHADORES DA OUTRORA GRANDE ( MUNCK )

    NILSON A.MONTALVÃO !!!

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  9. Hoje sei que é Munck e guindauto, Sou grato a Deus por minha profissão deixar meus parabéns a família, Tore Albert Munck

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  10. Eu me chamo Marcos
    E tive o prazer de trabalhar com esse homem por longos 23 anos , que saudades que Deus o tenha em bom lugar .
    Inicie minha carreira profissional na escola dele em Cotia turma 74 e em seguida já inicie na fábrica, Km 20 da Rodovia Raposo LigarTavares, como ajudante de tornearia e na sequência tive oportunidades como torneiro mecânico , inspetor de qualidade , planejamento de toda a produção da fábrica e vendas e por fim gerente comercial florestal. Fui um dos últimos funcionários a deixar a fábrica antes dela se fechar. Hoje, passeando pela Noruega senti saudades das pessoas e do ambiente que me proporcionou aprender e crescer. Munck pessoa e empresa, muita dignidade.

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