Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

GENTE, BLICICLETA E O AUTOMOVEL ESTÃO EM PÉ DE GUERRA


Quando comecei a deixar de usar calção e passei a usar calça comprida de tergal, era um sinal que estava me tornando um rapazinho. (Tergal era um pano chique da época.) Arrumar um trabalho era um desejo imenso para quem começava a adolescer em uma cidade pequena do interior de São Paulo. O trabalho, muitas vezes precoce, era uma forma de ascender socialmente. Mais ou menos. Outro desejo depois do trabalho era ter uma bicicleta. Desejo de consumo. Carro era uma realidade ainda muito distante.

Desejo e sonho: trabalho, bicicleta e uma namorada.

Em Votuporanga, onde nasci e morava, tinha estacionamento de bicicletas. Não ria, por favor! Na hora do almoço, quando os operários saiam para almoçar, tinha congestionamento de magrelas. Parecia um formigueiro. Conviviam charretes puxadas por cavalos e bicicletas sem qualquer tipo de conflito. Harmoniosamente. Convivia o urbano com o rural. Convivíamos como gente civilizada. Cada cidadão respeitando a mobilidade do outro.  

Bem diferente dos dias de hoje.

Ter uma bicicleta era sinal de que a vida estava melhorando. O que eu não entendo nos dias de hoje é esta briga maluca entre carros e bicicletas, principalmente nas grandes cidades. Todo dia tem notícia de atropelamento de pedestres ou de ciclistas. Uma guerra. Para estes assassinos de ciclistas e pedestres não importa se mataram, pagam uma fiança e logo estão na rua. A lei diz que este tipo de crime não é culposo... A mobilidade virou um inferno.  

Mobilidade é uma briga antiga.

Imaginem quando Leonardo da Vinci criou o primeiro projeto de uma bicicleta no Período Renascentista? Mesmo não conseguindo colocar seus projetos em funcionamento, muitos críticos de Leonardo o chamaram de maluco com suas invenções. Com certeza maluco! Mas nenhum inventor cria um projeto achando que ele vai matar tanta gente.

Essa raiva de alguns moradores da cidade de São Paulo com a construção das ciclovias mostra como os donos de carros são prepotentes. O meu carro. Meu espaço. Como se o carro fosse o meio de transporte mais antigo do mundo. Até parece que antes do carro não tínhamos nenhuma outra forma de locomoção. Egocentrismo doentio. Egoísmo!   Aos gritos dizem: “- Eles atrapalham o trânsito, que já é uma bagunça.” Outros até dizem que, se o ciclista marcar bobeira, passam por cima. Violência!


Não é possível carros e bicicletas conviverem harmoniosamente? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário