Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

RIVALIDADE NO FUTEBOL


Antes, torcer por um time era pura emoção.  A rivalidade era um “sarro” ali, outro aqui. E só! Nada mais do que isto. Nenhum tipo de violência. As torcidas não eram organizadas. Ir ao estádio assistir a um jogo de futebol era um lazer da família. Os torcedores se misturavam. As camisas de times adversários se misturavam. As torcidas organizadas até já existiam, mas eram pequenas demais. Tomavam um pequeno pedaço da arquibancada. Os amigos, as famílias tomavam conta de quase todo o estádio. Depois do jogo saíam juntos do campo, cada um com sua camisa do time que torcia. Sem ódio. Sem agressão. Saíam do campo com um sorriso estampado no rosto, satisfeitos com o bom futebol apresentado. A rivalidade não passava de uma brincadeira simples. Meninices.

Com o passar do tempo, a torcida organizada tomou conta das arquibancadas. Gritos de ordem. Bandeiras e cantos. Organizadíssimos. As famílias sumiram dos estádios. A rivalidade, antes poética, agora transforma as ruas em campo de batalha. Transformaram os campos, agora modernos, em espaço de guerra. Matam a pauladas. Matam no tiro. Matam a facadas. Sem piedade. Matam gente inocente. Tudo em nome do seu time de coração. As torcidas vendem camisas. Vendem a imagem do time. Facções dentro das organizadas vendem drogas. Transformaram-se em uma grande empresa.  Um grande negócio. Entre uma vida humana e um bom negócio, a vida vale muito pouco. Capital é o que interessa.

O futebol é de menos. Quando os organizados promovem a barbárie e tiram vidas, prestam depoimento e saem pela porta da frente das delegacias. Alguns zombando da lei. A vida realmente não vale nada. Risco de vida constante. Sair de casa com a camisa do seu time e encontrar a torcida rival no caminho é morte quase certa. Com requintes de crueldade.  Chutes até a morte e o agressor ainda exibe a camisa retirada do adversário morto como troféu. Barbárie. Como pode a lei proteger os incivilizados? Para esta turma não existe a arte do futebol. O gol fica preso na garganta. Fanáticos. Destrutivos. Famílias são esfaceladas. Pais choram seus filhos. Cadê o futebol, gente?


Assistimos inertes, como se tudo isto não fizesse parte do nosso mundo. Parece que assistimos a um filme que o final é trágico. Ora, só um filme então, não é real. A violência é real todos os dias. Tocamo-nos quando a tragédia entra dentro de casa. Quando perdemos um ente querido. Morto a pauladas pelo time rival. Isto não é futebol. O futebol acabou... O pior é ouvir de um pai angustiado, aos prantos, que sabia que seu filho ou filha participavam deste tipo de torcida. Precisamos acordar deste pesadelo. A lei tem que punir estes assassinos que andam à solta. Vestem uma camisa de time e em nome dele escondem sua violência, preconceitos e um desprezo pela vida. 

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