É difícil aceitar a morte de
alguém que guardamos afeto em qualquer idade. Imagine de um jovem! Um pai que
tem um filho morto violentamente sente todas as dores do mundo. Uma mãe que tem
um filho morto violentamente sente a dor do parto. Os pais que têm um filho
morto prematuramente, de forma brutal, morrem lentamente. Quando assistimos a
um jovem sendo morto a pauladas pela torcida adversária sem qualquer piedade, nos
indignamos. Ele tinha uma vida pela frente! Pensamos. Ele ou ela poderia ser um
médico. Poderia exercer qualquer outra profissão. Tinham tempo para isto. Poderia ser um bom pai. Poderia ser uma boa
mãe. Tempo. O tempo foi encurtado por um psicopata. O tempo foi encurtado por
um bando de psicopatas. O que dói é saber que tinham uma vida pela frente.
Quantos pais lamentam a morte de
seu filho, que aconteceu de forma trágica. Quantos pais neste exato momento lamentam
com a voz embargada e o choro doído, dispostos a estar no lugar do filho! Suplicam
a Deus uma explicação. Por que, meu Deus? Os nossos filhos saem de casa para
baladas e festas e não voltam. Ficamos em casa com uma angústia que vai aos
poucos alterando nossos sentidos. Boca seca. Insônia. Uma sensação de que
alguma coisa ruim pode acontecer. Uma sensação de que algo ruim já aconteceu.
Intuição de pai e de mãe não falha. Tem gente neste mundo que não gosta de
juventude. Mata por amor. Quem ama não mata. Mata porque tem o outro como posse, como se
fosse um objeto. Mata covardemente. Mata por causa de um celular. Quantos
sonhos aniquilados, violentamente...
Quantos pais neste exato momento abraçam
a roupa do filho que partiu brutalmente. Para sentir o cheiro. Não se desfazem
dos pertences do filho para sentir sua presença. Para lembrar com saudade do
filho que não volta mais! Criamos nossos filhos em uma redoma. Protegemos para
que não sofram. Esquecemos de dizer que no mundo real existe gente boa e ruim.
As drogas estão matando nossos filhos. Pedófilos e estupradores estão soltos.
Os pais são responsáveis pela educação dos filhos, sim! Mas o Estado tem que
proteger a vida dos nossos filhos. Todos os dias matam os nossos filhos. Um dia
é bala perdida outro é atropelamento. A nossas filhas estão sendo assassinadas
todos os dias. Viram apenas estatísticas. Os números são frios. A vida é
quente. A vida não pode ser encurtada dessa maneira. A vida foi concebida para
ser vivida por inteiro e com intensidade.
Os programas sensacionalistas
adoram colocar nossos filhos mortos violentamente. Dá ibope! Fazem do sofrimento
da família uma novela. Exibem incansavelmente a tragédia. Desrespeito.
Insinuam. A dor de um pai quando perde seu filho lateja para sempre na sua
alma. A dor de uma mãe que concebeu seu filho e o vê morto violentamente a faz
sangrar todos os dias. A legislação é omissa. Desumanização. O consumo cego e
exagerado não pode valer mais que a juventude. É preciso urgentemente defender um Manifesto pela Vida!
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