UM GRANDE SONHO

UM GRANDE SONHO

O Plano de Carreira era uma antiga reivindicação dos professores da rede municipal de ensino e, por esse motivo, precisava ser atendida o mais rápido possível. A primeira preocupação ligada à Secretaria foi a de elaborar este plano envolvendo todos os interessados de forma democrática e participativa . O caminho mais fácil e desonesto seria ir a qualquer banca de jornal, comprar o plano pronto e fazer as adequações necessárias para apresentá-lo. Hipótese descartável e desmerecedora de qualquer discussão. Outra alternativa seria entregar o plano a ser elaborado nas mãos de um técnico(a) especialista em educação. Receberíamos o plano pronto, completo, com detalhes legais, mas distante da realidade e de difícil compreensão. E ainda faltaria aquele toque singular da alma que dá vida às coisas humanas. Decidimos pela via mais complicada: democratizar a participação na elaboração do plano e criar meios de discussão para que os profissionais  se sentissem agentes do processo de construção deste plano, e assim fizemos.   

 O primeiro passo foi elaborar um esboço do plano, que serviu de referência para darmos início às discussões e sugestões. Utilizamos o horário de trabalho pedagógico das escolas para possibilitar o espaço e tempo de discussão necessários. Foi um momento único, que levou muitos a entenderem de fato o que era um Plano de Carreira. Mesmo com esta transparência na forma de elaboração do plano, não escapamos de algumas situações bizarras: a desconfiança de que este projeto não chegaria ao final teve propostas que chamaram atenção, pois queriam por exemplo, que colocássemos no plano a nossa carta magna na íntegra! Depois de idas e vindas, o Plano de Carreira ficou pronto, com a “cara” da rede, e calcado na realidade política e econômica do município. Além da progressão por tempo de serviço e por títulos, deixamos um adendo para que o plano fosse discutido novamente após dois anos da sua aprovação. Garantimos assim o caráter democrático do Plano de Carreira.         

Talvez um fato que não seja muito positivo, mas que não deve deixar de ser lembrado, é que, oportunísticamente, surgiram pessoas alardeando serem as idealizadoras do processo todo de elaboração do Plano de Carreira.  O que houve na verdade foi uma iniciativa do poder executivo em criar condições de debate de fato – algo antes nunca visto na rede municipal de ensino – para que todos pudessem se envolver e serem agentes da sua história. A Câmara Municipal os Conselhos ligados à educação tiveram um papel importante e decisivo. Valeu a experiência.