Para entendermos a diferença de conceito entre creche e centro educacional, precisamos voltar um pouco no tempo. O termo centro educacional é de uso recente e as pessoas tendem a confundir com creche. E como confundem! Creche é creche e centro educacional é centro educacional. Ou seja, na creche, a preocupação com o bem-estar físico da criança é o principal foco, enquanto que no centro educacional, ela é atendida também no aspecto intelectual. É bom lembrar que a Educação Infantil no Brasil, em termos de cuidado por parte do Estado, é bem recente. Para que se tenha uma idéia, em Cotia, as primeiras creches estavam ligadas a entidades filantrópicas e religiosas. Por exemplo, a Creche Modelo IV, no Jardim Coimbra, e a Creche Modelo V, no Rio Cotia, são ligadas ao grupo Perseverança e estão em atividade no município há vinte e seis anos. São exemplos de como as crianças devem ser tratadas na primeira idade. Enquanto isto, o poder público local mantinha os então chamados “parques infantis”, que são bem diferentes de creche, e muito mais ainda do atual conceito de centro educacional. Há uma outra creche que deve ser lembrada e que também é antiga no município, a Escola Criança Feliz, que se localiza no centro de Caucaia do Alto e que até há pouco tempo era mantida por uma entidade ligada a um grupo suíço. Com as mudanças também se transformou em um Centro Educacional. Estes foram os primeiros passos dados em termos de uma política de creches em Cotia, que encontramos documentados.
O que observamos atentamente neste tempo de Secretaria de Educação é que quando uma mãe procura uma vaga num Centro Educacional, é porque ela não tem quem cuide do seu filho para que ela possa trabalhar. Normalmente, esta mamãe está desesperada! A vaga no Centro Educacional garante o emprego, caso contrário o desemprego. Sem medo de cometer algum tipo de injustiça com outras cidades, foram poucos os municípios na Grande São Paulo que investiram na construção de centros educacionais como o município de Cotia.* Durante a administração do prefeito Quinzinho foram construídos 17 centros educacionais, que atendem a crianças de zero a três anos, e foram mantidos convênios com outras cinco entidades filantrópicas.
É importante salientar que o cidadão que precisa da vaga no Centro Educacional não pode só pensar que esta vaga vai salvar seu emprego. É preciso uma mudança de mentalidade. Este espaço está além disto: ele vai possibilitar ao seu filho dar os primeiros passos nas múltiplas linguagens do conhecimento. A cultura do emprego reforça a idéia de que este “espaço de atividades múltiplas com o conhecimento” continua sendo um depósito de crianças. Aí não importa o tamanho, a arquitetura, a quantidade de crianças que se coloca e a pedagogia utilizada, pois é apenas um depósito. Por incrível que pareça, ainda hoje tem muita gente que pensa assim. Neste período de secretaria recebi várias visitas para conhecer o trabalho que estávamos fazendo em educação no município e uma destas visitas marcou muito pelo relato de um prefeito sobre o que ele pensava sobre creches: “─ Olha, na minha cidade nós temos o kit creche. Pega um espaço, pinta as paredes e coloca alguns desenhos infantis e alguns móveis coloridos, e está pronta mais uma creche. E dá muito voto depois.” É um absurdo!
Pensando em cuidar bem destas crianças é que demos um passo qualitativo em relação aos Centros Educacionais em Cotia, completamente diferente do kit creche citado. Para implantarmos um ensino de qualidade nessa época, fomos estimulados pelas experiências dos centros educacionais modelos IV e V, que nos ensinaram os primeiros passos para uma educação melhor. A creche do passado existia para cuidar fisicamente deste filho: trocar, dar banho, por para dormir e outros cuidados que uma criança nesta idade exige. Queríamos muito mais do que isto! Centros educacionais tinham que cuidar desta criança no todo. No físico e na alma. A partir do espaço arquitetônico começa a construção de um ambiente ideal para a prática de uma educação decente. Logo na sua tenra idade a criança passa por estímulos que vão ajudar na sua alfabetização mais adiante. Preocupamo-nos com a formação dos professores e os resultados foram perceptíveis, com crianças indo para o Ensino Fundamental alfabetizadas. Outra ação importante do governo além do Plano de Carreira foi, sem obrigação legal, estender o repasse até os professores de Educação Infantil.
* Bairros e jardins de Cotia que foram contemplados com a construção de Centro Educacionais para crianças de zero a três anos, na administração do prefeito Quinzinho: Centro Educacional Magali do Nascimento Vieira Arias, no Jardim Santa Ângela (km 21 da Rodovia Raposo Tavares), C. E. Rita H. Fortes, no Parque São Jorge (reforma e ampliação), C. E. Recanto Suave (centro educacional deixado em fase de construção pela administração do prefeito Quinzinho), C. E. Walmor Caetano Ferrareto, no Jardim Cotia (construído em parceria com a empresa Plastwal). C. E. Tereza Rivera da Silva, no Jardim Turiguara, C. E. Danielli Albuquerque Mathias, no Alto de Caucaia, C. E. Dr. Délio de Lima Junior, no Jardim Japão, C. E. Ernesto Mendes da Silva, na Vila São Francisco, C. E. José Roberto Maceno, no Mirante da Mata, C. E. Odária Mendonça da Fonseca, no Jardim Sandra. No Jardim São Miguel o centro educacional foi deixado em fase de construção. No Jardim Petrópolis foi construído o C. E. Antonio Salgado Olores, o C. E. Ana Maria dos Santos Souza, no Jardim Panorama, o C. E. Graciliana Maria da Conceição, no Jardim Arco-íris, o C. E. Ho Deh Kong, no Parque Alessandra, construído em parceria com a empresa H. Buster, e o C. E. Felix Alves Folha, no Recanto dos Victor. Além destas construções mantivemos convênios com maior ou menor intensidade, com outros centros educacionais de entidades filantrópicas: Madre Iva, Modelo IV e V, Criança Feliz e Projeto Âncora.
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