Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

DONA NORMA: 64 ANOS BEM VIVIDOS


* Esta é uma homenagem de meu filho, Ícaro, a D. Norma,
que nos deixou repentinamente, e já com saudades.


Esta semana fui surpreendido pela morte de uma grande amiga, com a qual tive a honra e a oportunidade de compartilhar algumas experiências memoráveis e inesquecíveis. A natureza humana é engraçada em seus pormenores mais obscuros. Nós, seres humanos, ainda não sabemos lidar com a morte e creio que nunca saberemos, embora haja relatos de culturas que a comemoram, pois é a passagem de um ciclo para outro. Sinceramente, e não querendo menosprezar a cultura de ninguém, a perda e a ausência de uma pessoa não me deixa nem um pouco feliz, aliás, me provoca um sentimento totalmente inverso de felicidade. Contudo, temos que aprender a respeitar as culturas globais, afinal, imaginem se existisse apenas o verde, o que seria do azul, vermelho ou preto, ou então vice e versa. Realmente, o ser humano é uma peça de um quebra-cabeça que nunca teremos respostas concretas para chegarmos a análises sólidas e pontuais.

Escrevo esta carta em homenagem uma pessoa com quem convivi durante 6 anos de minha vida, uma pessoa que detinha um caráter excepcional. A verdade transbordava por suas veias. Dona Norma não era de mandar recado. Se alguma coisa estivesse lhe afligindo, começava a falar doesse a quem doesse. Seres humanos sinceros e verdadeiros como esta senhora não acharemos tão cedo. Sem falar do espírito bonachão e brincalhão que estava contido dentro dela. Se uma pessoa estivesse triste, bastava ter algumas horas de prosa com a Norma e a tristeza ia para o espaço. Lembro-me, com nostalgia, dos bilhetes com juras de amor que eu lhe enviava. Ela me xingava todo e no fim, dizia que me amava também. Hoje, escrevo com a absoluta certeza de que a terra ficou muito, mas muito mais triste sem a sua presença querida e amiga. Entretanto, também escrevo com a certeza absoluta de que a Dona Norma está ao lado de Deus. Contemplando as maravilhas do paraíso. 

Exemplo de caráter, fibra, determinação, coragem, audácia, creio que espantosamente os adjetivos faltariam para qualificá-la. Ótima profissional, com um senso de justiça e imparcialidade jamais vistos por qualquer funcionário público. Obstinada e guerreira, mesmo após ter se aposentado voltou à rotina diária de trabalho e não se acomodou nem um minuto. A Professora Norma alfabetizou e deu orientação a uma grande parcela de jovens de Cotia. Mãe e avó carinhosa, dedicada, atenciosa e extremamente apaixonada pelos seus. Meu avô primeiramente, e agora a senhora, foram responsáveis por eu ter feito uma grande descoberta: as pessoas que amamos não morrem, continuam vivendo em nossos corações de uma forma tão forte e latente que eu jamais havia visto. A senhora continuará não só em minhas lembranças e em meu coração, como no coração do santista fanático e apaixonado pela avó, o Lucas, da filhona companheira e dedicada Andréa, do amigo de todas as horas Alexandre, dos filhos adotados Silvia, Carol, Letícia, Julio, Ícaro, Marcão, Elias e Alex. Enquanto nós estivermos abastecidos de vida, a senhora viverá em nós. Com a certeza que nos veremos em breve, não digo adeus, mas digo até logo, minha amada amiga Norma Laperuta Gonçalves. 

Ícaro Amadeu Bueno Martinez

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