Começo
com este texto a escrever meu primeiro livro de ficção. A cada capítulo vou
dividi-lo com os leitores da coluna que mantenho semanalmente no Portal Viva
Granja Vianna e no meu blog: www.cotiamemoriaeeducacao.
blogspot.com. Espero contar com sua opinião e sugestões de como caminhar com
estahistória.
AMANHECER...
Às
seis horas da manhã. Inverno intenso! Muita neblina. Tanta neblina que não dava
para enxergar um palmo diante dos olhos. Em cada casa da pequena cidade um
galinheiro no fundo do quintal. Galinheiro multirracial, ali viviam patos e
porcos e outras aves exóticas. Esses galinheiros funcionavam como um
despertador. Despertador que denunciava a chegada de um novo dia.
Apesar
do frio, um belo dia.
O
primeiro a anunciar a chegada da manhã era o galo Edivaldo,bicho de estimação
da família Magalhães. Edivaldo era tratado como gente. Imagine, quando Edivaldo
desapareceu, o desespero tomou conta da família. Quem sequestrou Edivaldo?O
desfecho foi uma coisa maluca.
Aos
poucos uma janela é aberta aqui outra ali e os moradores vão levantando e o cheiro
do café toma conta das ruas e dos becos. Em quase todas as casas, acompanhando
o café, alguns moradores tomam uma dose de “pau-a-pique” para aliviar a manhã
gelada.
No
meio da neblina surge lentamente Morrudo, com passos calculados
milimetricamente. Cada passo dado,uma história. Cada passo dado, uma dúvida.Morrudo
uma incógnita? A primeira porta que encontra aberta entra e vai até à beira do
fogão a lenha, se serve de uma caneca de café quente. Uma mesa rústica com
doces caseiros e pães no meio da cozinha formam aquele ambiente simples. Morrudo,
com elegância, se serve de um pedaço de bolo. Assim Morrudo começa seu dia
realizando pequenas tarefas.
Era
muita tranquilidade para uma única manhã.
O
silêncio foi quebrado pelos gritos de vovó Timbira. Os seus gritos assombravam
e ecoavam pela principal rua da cidade -eu tive a visão, eu tive a visão, eu
tive a visão!Vovó Timbira, como era conhecida no lugarejo,começou a ter
alucinação depois de ser abandonada no altar. Caiu em desgraça na comunidade,
tinha, antes do casamento, se entregado ao salafrário. Ele chegou sem passado e
desapareceu como desaparece a neblina com a chegada do sol.
No
começo, seus gritos assombravam os moradores toda segunda sexta-feira do mês.
Depois os gritos ocorriam a qualquer hora. Dizem os antigos que era doença da
cabeça (loucura). Dizem outros que era doença do amor.
Quando
Timbira ia voltando ao normal, contava que via, nas suas visões,uma porca e
sete porquinhos que seguiam uma moça de branco com o rosto desfigurado que
subia a rua principal da cidade até a Igreja Matriz. Depois descia essa mesma
rua até desaparecer...
Porque
os gritos?
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