Continuação
do meu livro... Acompanhe no Portal viva granja Vianna e no blog: WWW.cotiamemoriaeeducacao.blogspot.com
METAFÍSICA
A
multidão fazia fila na principal rua da cidade. Milhares! Gente com todo tipo
de enfermidade. O povo começava achegar uma semana antes, outras pessoas na
noite anterior, para serem atendidas pela benzedeira Ditinha da Volta, como era
conhecida na região e nos estrangeiros. Ali se concentrava gente de todos os
lugares. A sua reza era famosa e levantava até defunto, diziam os mais
otimistas.
Os
descrentes excomungavam as benzedeiras e as curandeiras, atribuindo a elas
coisas ruins que aconteciam na cidade. Diziam que elas ou eles tinham pacto com
o diabo. Porém! No calar da noite, muitos desses descrentes foram vistos
buscando alívio para os seus sofrimentos da alma. Depois de atendidos e a alma
aliviada,apimentavam suas línguas novamente e voltavam a atacar os rezadores,
principalmente d. Ditinha.
Coisa
de gente ingrata.
Médico
de diploma nessa região era difícil de ver,e as benzedeiras e curandeiros
faziam o papel desses homens de branco, em falta no lugarejo.Rezavam para
crianças de bucho virado. Buscavam remédios para cura nas folhas e no mato.
Eram conhecedoras dos segredos das florestas.Dentre todas as benzedeiras,d.
Ditinha era a mais poderosa e conhecida. Aprendera essa arte com seus
ancestrais, na maioria foram vitimados pelos senhores nas senzalas.
D.
Ditinha também era parteira das boas em todos os seus anos de atividade
humanitária, nunca perdera uma criança, mesmo quando virada no útero da mãe.Os
padres católicos a cada missa,em seus sermões, dedicavam um tempo significativo
para criticar essas crendices do povo. Diziam que essas pessoas tinham ligação
com o diabo. Ligação com satanás. E outras besteiras malditas. O que os padres não
sabiam era que essas benzedeiras, com sua simplicidade, eram o bálsamo dessa
gente esquecida por Deus.
Muitas
vezes esses sermões eram ouvidos pelas próprias benzedeiras que assistiam as
missas e a cada palavra dita os olhos dos fieis as censuravam. Certa vez um
padre dessa igreja secular utilizava a prática do exorcismo. Foi excomungado e
expulso da igreja. O dito padre, quando começava a missa e as rezas, caía gente
pelo chão,espumando pela boca e os olhos viravam e esbugalhavam e outras
vomitavam tufos de cabelo. Era assustador. Muitas pessoas saíam dali curadas.Essa atividade
espiritual era malvista pela igreja.
Coisa de gente sem cultura.
A
corda arrebenta do lado mais fraco (nem sempre).
Da
casa dos Magalhães, de repente os gritos ecoaram pelas ruas de paralelepípedo,acusando
e condenando Morrudo pelo sequestro do galo Edivaldo. Enlouquecidos! Aos
poucos, foi se formando um grupo de gente com vontade de fazer justiça com as
próprias mãos. Com os dentes cerrados e com pedras e paus como arma, a multidão
partiu para cima do pobre Morrudo. Foi ele! Ladrão de galinheiro. A primeira
pedra lançada abriu uma brecha na cabeça e o sangue desce pela testa. Ele usou
o galo Edivaldo para fazer macumba! Macumbeiro! Gritavam.Ladrão!
A
muvuca estava montada
Do
meio daquela muvuca surge um ensandecido que levanta um pedaço de pau para
acertar Morrudo na nuca.Surge d. Ditinha benzedeira, com toda sua autoridade e
sua presença de espírito, e a multidão fica em uma posição de letargia. Quando
ela começa a colocar limite na situação, surge todo pomposo,pelo
Beco do Savioli e logo,descendo a rua da matriz, o galo Edivaldo, até cantava
fora de hora. Quem soltou o galo? Alguém percebeu que a situação estava fugindo
do controle e soltou-o.Morrudo poderia ser linchado. Morrudo foi salvo pela
soltura dogalo. Será que o galo se salvaria da próxima festa na casa do Zé Galinha?
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