Ontem, quando estava a caminho de uma Rádio Comunitária para
uma entrevista, fui pego de surpresa com uma pergunta de Maria Karolina. Tipo
pergunta desconcertante: Papai o restaurante do seu amigo que morreu está
aberto, como pode estar aberto se ele morreu? Levei um susto e, simultaneamente,
pensando no que responderia. Como é dicífil pensar uma resposta convincente em
milésimo de segundo,quando a pergunta é estonteante e feita por uma criança.
Ufa! Como tem criança com uma dúvida desta? Pensei.E ser tão objetiva em relação
ao que queria saber. Como o restaurante está funcionando se o meu amigo morreu?
Olhei bem, pensei, olhei firme para Maria,ela com aquele jeito
de criança à espera da resposta, anunciando, no semblante indagativo, que não
desistiria de uma bela e convincente explicação. Filha, todos nós morremos um
dia. Antes que continuasse a explicação, ela interrompeu e lascou outra pergunta.
Como o vovô? É, filha, como o vovô. Tenho saudade dele Papai. Eu também tenho,
filha! Quando morremos deixamos lembranças e saudades, ficam os filhos, netos e
amigos que sempre vão lembrando,contando estórias que aconteceram com a gente,
assim não deixamos as pessoas morrerem, elas estão sempre presente. Lembrança é
quando o Ícaro fala das coisas engraçadas e a viagem que fizemos com vovó Zé? É
isto mesmo!
O amigo do Papai morreu, mas sua família continua tocando o
restaurante. Imagine se eu tentasse explicar sobre a morte sem a pergunta feita
pela Maria sem o interesse dela, poderia ser desastroso, ela não conseguiria
entender algo tão subjetivo. Fica uma dica que alguns temas devem ser
explicados na hora certa, principalmente quando são perguntados, os adultos têm
o defeito de querer explicar coisas para os filhos que não devem ser
antecipadas (risos).Depois da explicação, olhei de rabo de olho, e notei, na
expressão facial da Maria, que ela estava pensativa. Fiquei esperando outra pergunta
que não veio. Uma grande dúvida tomou conta do meu coração: será que ela
entendeu a explicação? Só o tempo dirá.
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