Parece que quando a idade vai
passando bate uma saudade da infância e da juventude. Até sentimos saudade do
que se passou ontem. Quase tudo se transforma tão rápido que chega a ser imperceptível.
É isso mesmo, imperceptível! Tem comportamento que chega tão acelerado que logo
vai embora sem deixar lembrança,sem deixar saudade. Parece que antes tínhamos mais tempo
para a maduração das coisas que aconteciam. Vejo essa coisa da rapidez, aqui em
casa, com minha filha de oito anos.
Como canta Arnaldo Antunes: “Tudo
ao mesmo tempo”.
Ganhamos algo que é da nossa vontade
e logo já esticamos os olhos para o próximo desejo de consumo. Nem conhecemos e
curtimos o que ganhamos. Freneticamente! É bem diferente de quando ganhamos um
presente e abrimos o pacote bem devagar e passamos um bom tempo olhando como
não acreditando que aquilo é verdade. Curtindo e apreciando o presente, criando
uma relação de afetividade. É como se aquele objeto começasse a fazer parte da nossa história.
Parece que o que vale é a quantidade e não a qualidade. Parece que a quantidade
lhe dá a devida condição de ter e não ser.
Ser, pouco importa.
Quando a condição é ter,nos coloca
em uma posição de superioridade em relação aos outros, mesmo que seja ilusão. Na
escola, o melhor caderno, mesmo não o usando devidamente. Compramos
freneticamente para nossos filhos para não deixá-los em desigualdade com os
outros. Agora é a Monster High e num piscar de olhos os acessórios que as
meninas e meninos do Funk Ostentação usam. Tão lindinhos!Depois do piscar de
olhos, outra nova moda passa com a velocidade de um cometa. Passageira!
Vapt–vupt...
Longe de qualquer saudosismo
babaca e rançoso,necessitamos dar uma freada nesse consumo que chega à beira da
loucura. Sentir saudade! Saudade da bolinha de gude, do esconde-esconde,do salva-pega e
do jogo de raquete, entre tantas outras brincadeiras.
Consumo não é pecado! Difícil é
criar uma relação de afetividade com os objetos que nos permeiam. Que tal
sentar com a família para uma refeição, pelo menos uma vez no dia,e desligarmos a televisão ou qualquer outra forma de mídia?
Que saudade!
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