Quando
somos informados que tal dia tal hora haverá toque de recolher, a primeira
sensação é de medo. A segunda sensação é de que será verdade ou mentira? Frente
à dúvida, é melhor recolher. Ficar em casa. Esvaziar as ruas.Silenciar-se!Na
verdade, estamos sendo vítimas da nossa própria língua. Fofoca! Acreditamos nos
boatos sem nenhum questionamento. Repetimos os boatos incansavelmente e, muitas
vezes, acrescentando detalhes para apimentar ainda mais a notícia. Parece que
insinuações e mistérios em torno do toque de recolher criam um cenário eminente
de medo.
Vivemos
com muito medo.
Normalmente
a notícia de que existirá toque de recolher vem acompanhada de um crime.Os boatos
vêm
de vários lugares e repetimos incessantemente. Os repetidores até criam histórias
e inventam outras para espalhar o pânico. Foi o traficante do bairro que deu a
ordem. Foi o chefe do crime da região. A ordem do toque de recolher veio de
dentro da cadeia. E a justificativa é quase sempre de que alguém do crime foi
assassinado pela polícia. Será verdade? Quem realmente está por trás desses
boatos que fecham o comércio? As mães vão à escola do bairro buscar seus
filhos apavorados.
Sensação
que estamos desprotegidos.
Ônibus
são incendiados. O Governo justifica esse dia de pânico de forma burocrática.
Está tudo sob controle. Não existia nenhuma instituição criminosa organizada.
Temos o controle! Quem realmente está por trás desses boatos? Quem? A quem interessa
destruir ônibus? A quem interessa fechar zonas inteiras de comércio? As
explicações não convencem. E cada dia aumentam ostoquesde recolher pela cidade.
Quem
está mentindo?
No
México, nos Estados pobres, as milícias comunitárias formadas por moradores
combatem o crime no lugar do Estado. O Estado não existe nesses lugares no
México. Aqui é outra situação, mas existe um ponto comum entre nós e eles -
ausência de políticas públicas. O que tem piorado aqui também é a distância dos
políticos dos interesses coletivos da população. Afinal, quem está por trás do
toque de recolher eque tem espalhado tanto medo?
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